Daniela Mercury diz ser preciso lutar por direitos iguais, sem se importar quem é o presidente
Para cantora, 'temos que confrontar pacificamente e com diálogo'
Daniela Mercury, 53, sempre está presente nos principais eventos de São Paulo, seja no Carnaval, na Virada Cultural ou na Parada Gay. É quase impossível não associar a imagem dela a um desses eventos.
Na Parada LGBT deste ano, que acontece neste domingo (23), não foi diferente. Mas ela não estava em um dos 19 trios elétricos. Dessa vez, a rainha da pipoca participou de uma forma diferente. Daniela Mercury foi coroada rainha do primeiro camarote comercializável da Parada Gay de São Paulo, o Pride.
Antes de se apresentar dentro do camarote, Daniela Mercury fez questão de cantar para o público que acompanhava a Parada na avenida Paulista. Com um look bem colorido, remetendo às cores da bandeira gay, ela cantou e aproveitou para dar um beijo em sua mulher, Malu Verçosa, 42, com quem está casada há seis anos.
Daniela Mercury é uma das artistas brasileiros mais engajadas na luta contra a homofobia e pelos direitos da comunidade LGBTQI+. “Sou todos os personagens. Sou homem e mulher, sou tudo o que eu quiser. Na minha vida inteira não houve freio. Todos somos iguais perante a psicanálise, hétero ou homossexual”, disse a cantora, durante sua apresentação no camarote.
À Folha, Mercury afirmou que, enquanto houver democracia, “vamos avançar na luta pelos direitos LGBTQI+”. “Parada de São Paulo mostrou que a maior parte da sociedade é contra a discriminação. Precisamos fazer campanhas contra a LGBTfobia e precisamos de políticas de Estado para enfrentar a violência contra nossa comunidade.”
A 23ª edição da Parada LGBT teve como tema os “50 anos de Stonewall”, um conflito que aconteceu em 1969 em um bar nos Estados Unidos e se transformou em um marco para o ativismo pelos direitos da comunidade LGBT+. Fernanda Lima, 41, foi madrinha do evento e a drag queen Tchaka, apresentadora oficial. Entre as atrações estavam a ex-Space Girl Mel C., Iza, Karol Conka, Luísa Sonza e Glória Groove.
“A nossa cultura é que inventou o racismo e a homofobia. Temos que mudar a cultura e o jeito de pensar. Isso começa por nós. Muita gente não fala por que acha que vai ter resistência. Stonewall só existiu, e só começou essa mudança de lá para cá, porque os caras resistiram, apanharam e brigaram com a polícia. E assim é. A gente tem que confrontar pacificamente, com diálogo, mas quem tem que mudar são eles. Começa com a sociedade..”, disse Mercury, quando foi interrompida pelo público que entoou “Bolsonaro, vai tomar no cú!”. “Antes fosse só ele”, respondeu a cantora sendo aplaudida pelos presentes no camarote.
Mercury afirmou ainda que ela e Malu contam “com o Congresso Nacional e com o STF (Supremo Tribunal Federal) para nos apoiar”. “Esperamos que o presidente governe para todos! Eu acredito muito na capacidade da sociedade de pautar os governos com suas necessidades. Quando a gente avança não há ninguém que possa nos impedir. A sociedade precisa lutar sempre contra o preconceito, independentemente do presidente apoiar ou não nossa luta.”