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Rainha Elizabeth repreendeu policial por devorar nozes do casamento real

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Foi revelado no julgamento sobre grampeamento de telefones que a rainha Elizabeth achou que a polícia estivesse acabando com os tira-gostos deixados para os convidados antes do casamento do príncipe Charles com Camilla Parker-Bowles.

De acordo com e-mail enviado em 2005 pelo editor de família real do "News of the World", Clive Goodman, a seu então editor Andy Coulson, a rainha ficou "aborrecida" porque todas as "nozes deixadas à vista" estavam sendo devoradas por policiais do palácio.

O advogado da acusação Andrew Edis QC disse ao júri do tribunal criminal Old Bailey, em Londres, na quinta-feira (12 de dezembro), que a rainha teria "se irritado com isso", segundo o e-mail de Goodman.


Goodman disse a Coulson no e-mail: "A rainha está furiosa com a polícia por roubar tigelas de nozes e tira-gostos colocadas à disposição nos aposentos do corredor da rainha no BP [Palácio de Buckingham]. Ela adora salgadinhos, e os funcionários distribuem castanhas de caju, amêndoas, etc. O problema é que os policiais da segurança comem tudo."

"Ela começou a marcar as tigelas para ver quando o nível abaixa", ele acrescentou.

Houve gargalhadas no tribunal quando o juiz interrompeu os procedimentos, brincando que essas seriam "alegações infundadas".

O e-mail foi escrito antes do casamento do príncipe de Gales com Camilla Parker-Bowles.

Goodman também disse no e-mail que ouviu "de um gráfico que está cuidando da ordem de serviço para o casamento do príncipe de Gales que há atritos entre Clarence House [a residência oficial do príncipe de Gales] e a Igreja Anglicana. Ainda não sei o motivo do atrito."

Goodman também colocou Coulson a par do status da lista de convidados para o casamento. "Meu homem responsável por examinar os convites --única pessoa que aceitou até agora é Tony Blair", ele escreveu.

O júri ouviu outros e-mails enviados por Goodman a Coulson sobre os príncipes William e Harry em Sandhurst [academia militar], incluindo a alegação, que o júri já tinha ouvido, de que Harry teria colado numa redação.

Goodman também expressou raiva pelo fato de o vice-editor administrativo do jornal, Paul Nicholas, ter questionado pagamentos em dinheiro vivo feito a fontes que ele usou nas reportagens sobre a família real.

Em e-mail enviado à sua irmã, que era subeditora no jornal, ele disse que "tenho vontade de arrancar sua cara de cima do crânio" e disse que Paul Nicholas não saberia o que é uma reportagem.

Goodman e Coulson foram acusados de conspirar para provocar erros de conduta em cargos públicos. Ambos negam a acusação.

O júri também ouviu que foram feitos pagamentos relativos a reportagens de Goodman no jornal a duas pessoas citadas no sistema de colaboradores do "News of the World" como "David Farrish" e "Anderson".

Algumas das reportagens, pelas quais pagamentos foram feitos a "Anderson", diziam respeito a alertas terroristas relacionadas à visita do presidente Bush ao Reino Unido e ao inquérito de sir John Stevens sobre a morte da princesa Diana.

O inspetor da Polícia Metropolitana David Kennett, interrogado pela promotoria, confirmou que as investigações da polícia "não encontraram nenhum rastro" de pessoas chamadas Farrish ou Anderson nos endereços atribuídos a eles.

Kennett confirmou para os jurados que Farrish e Anderson não parecem ser pessoas reais. "Resumindo, parece que eles não existem."

Registros de pagamentos da empresa News International, publisher do "News of the World", mostram que foram feitos 62 pagamentos a Farrish por reportagens "reais", 23 por reportagens "policiais reais", um por reportagem "policial" e cinco outros pagamentos.

Farrish também foi pago pelos "cadernos verdes" reais, que, segundo ouviu o júri, eram listas telefônicas de todos os membros da família real e seus associados e funcionários. Goodman tinha dito a seu então editor Coulson que eles continham os telefones diretos usados pela rainha para falar com membros de sua família.

O advogado de Coulson, David Spens QC, perguntou a Kennett se foram feitas investigações para apurar a identidade de Farrish e Anderson. O inspetor respondeu "sim".

Spens disse ao júri que Goodman foi condenado e preso em janeiro de 2007 por delitos relacionados ao grampeamento de telefones.

Ele perguntou a Kennett se, na época, Goodman tinha sido acusado de roubar os cadernos ou de fazer uso de artigos roubados.

Kennett disse que não sabe nada de novo a esse respeito, porque foi apenas em 2011 que a polícia teve acesso aos e-mails em que foi pedido pagamento pelos cadernos de telefones reais.

Spens disse ao júri que Goodman, que tem ficha policial limpa, sem condenação exceto pelo delito de grampeamento em 2007, só foi acusado de conspiração para causar erro de conduta em cargo público seis anos depois, em 23 de novembro de 2012.

O julgamento continua.

Tradução de CLARA ALLAIN

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