"Nem gosto muito de ser famoso", afirma Cristiano Ronaldo
Faltam poucos minutos para Cristiano Ronaldo pisar no gramado do CT do Real Madrid para gravar o comercial do game de futebol "Pro Evolution 2013" quando chega o aviso.
Os cerca de 20 jornalistas à espera da entrevista do português deveriam se afastar das janelas e evitar olhar para o campo.
Por mais que se tratasse de parte do evento para o qual a imprensa estava convidada, a fabricação do vídeo promocional (nada mais do que imagens do atacante invadindo o gramado e conduzindo a bola) deveria acontecer em sigilo.
Cristiano Ronaldo e as pessoas que o cercam queriam privacidade para que ele exercesse a sua função que vai além dos campos de futebol: a de celebridade.
O camisa 7 do Real Madrid e co-artilheiro do Campeonato Espanhol é muito mais do que o segundo melhor do jogador do mundo.
É o rosto de mais de uma dezena de marcas, símbolo sexual para as mulheres, modelo de corte de cabelos, brincos e roupas para os homens.
Sua vida e o relacionamento com a modelo russa Irina Shayk são explorados diariamente por jornais, revistas, sites e programas de TV do mundo todo.
E o português recebe blindagem e cuidados dignos de um popstar.
"Nem gosto muito de ser famoso. Tem coisas que eu gostaria de fazer, mas não posso", disse o português, ao ser questionado sobre as vantagens de ser uma celebridade.
Uma resposta surpreendente para quem é ironizado por torcedores por supostamente adorar sua imagem nos telões de estádios? Ou um discurso ensaiado para amenizar o rótulo de vaidoso e arrogante que carrega?
O fato é que o atacante tinha a resposta pronta para essa pergunta até porque sabia que ela seria feita.
Poucos antes do início das entrevistas, os jornalistas foram informados que só seriam aceitas as perguntas enviadas anteriormente por e-mail e aceitas pela assessoria de imprensa do jogador.
Quando um repórter tentou fugir do script e questionar se Cristiano Ronaldo havia pedido que o hit "Ai se eu te pego" fosse incluído nas comemorações de gols do game, sua assessora interrompeu a entrevista e esbravejou: "Essa não pode. Não está aqui [apontando para a lista de perguntas previamente enviadas]".
O estafe de Cristiano Ronaldo faz linha dura até com os patrocinadores.
O pedido para que autografasse algumas camisas do Real Madrid para diretores da Konami, a produtora do jogo, foi negado porque não havia nenhuma cláusula no contrato que o obrigasse a isso.
Durante todo o evento, o português pouco falou de futebol em si. Nos raros momentos em que o assunto surgiu, teceu elogios, milimetricamente ensaiados, a Neymar.
"Não sei [se ele irá concorrer ao prêmio de melhor do mundo]. Mas tem mostrado um alto nível nos últimos anos. Ele tem um grande talento. É o futuro do futebol", afirmou.
O jornalista viajou a convite da Konami
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