J. K. Rowling diz que teve que se mudar devido ao assédio da imprensa
A escritora britânica J. K. Rowling disse nesta quinta-feira que, devido ao assédio da imprensa, se viu obrigada a mudar de casa, na Escócia, e abandonar a que tinha comprado com o dinheiro de seu primeiro livro da série "Harry Potter".
Rowling detalhou sua luta contra os abusos da imprensa, principalmente para proteger seus filhos, durante depoimento à comissão presidida pelo juiz Brian Leveson que investiga a ética na imprensa e a eficácia de seus órgãos reguladores.
A escritora relatou que jornalistas e fotógrafos publicaram imagens em que era possível identificar a rua e o número de sua casa, o que tornou "insustentável" continuar vivendo no local.
Rowling é uma das várias celebridades citadas pela comissão do juiz Leveson, onde também prestaram depoimento nesta quinta-feira a atriz Sienna Miller e o ex-chefe da Fórmula 1, Max Mosley.
Emocionada, a escritora --que já vendeu 450 milhões de cópias dos sete livros da série de Harry Potter-- revelou que já tomou medidas contra a imprensa em cerca de 50 ocasiões, em geral para proteger seus filhos dos fotógrafos.
Rowling, que tem três filhos de duas relações, afirmou que a imprensa a assediou dia e noite para obter fotos das crianças.
Um dos incidentes que mais a irritou, por ter se sentido "invadida", foi quando encontrou uma carta escrita por um jornalista na mochila escolar de uma filha mais nova, quando ela cursava o primeiro ano do curso primário.
A escritora admitiu que às vezes falou sobre sua própria vida com os jornalistas, "sempre com um motivo", mas considera que seus filhos têm o direito de se manter fora da vida pública.
Segundo Rowling, há apenas três temas sobre sua vida pessoal que ela tratou com a imprensa: o início de sua carreira como escritora quando era uma mãe divorciada que vivia com subsídios sociais; suas crises de depressão e a esclerose múltipla, doença que provocou a morte de sua mãe.
Nos três casos, Rowling afirma que seu objetivo era explicar o porquê de alguns personagens de seus livros, como os "dementadores", inspirados em sua depressão; para chamar atenção sobre uma situação ou fazer campanha por uma causa.
INVESTIGAÇÃO
O juiz britânico Lord Leveson iniciou no dia 14 de novembro a investigação sobre o caso das escutas ilegais do extinto tabloide dominical "News of the World".
O magistrado deverá avaliar "a cultura, a prática e a ética da imprensa" após o escândalo dos grampos de telefones celulares de ricos e famosos efetuados pelo jornal britânico extinto.
Durante a investigação, cuja duração está estimada em 12 meses, Leveson pedirá a várias vítimas da espionagem jornalística que prestem depoimento no Royal Court of Justice, edifício onde funciona o Tribunal Superior de Londres.
Além disso, o juiz deverá considerar se o sistema de autorregulações da imprensa britânica apresenta bons resultados.
Assim que for concluída esta primeira parte da apuração sobre ética jornalística, o juiz terá que avaliar a conduta da imprensa, após esperar a conclusão da investigação policial sobre os grampos ilegais do "News of the World".
Segundo o juiz, a imprensa atua como "guarda" de "todos os aspectos da vida pública", mas ele disse que a apuração de que está encarregado deve tentar responder às dúvidas sobre quem deve vigiar os meios de comunicação.
O magistrado estimulou os diretores dos jornais e revistas a se reunirem e estudarem os assuntos que serão abordados nesta investigação para que apresentem a ele algumas propostas sobre a melhor maneira de regular a imprensa do Reino Unido.
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