Criador de pôster emblemático de Che Guevara diz lamentar uso comercial da imagem
Artista Jim Fitzpatrick criou imagem em 1968 com base em foto de 1960
Cinquenta anos depois de criar o pôster de Che Guevara que ainda decora quartos de estudantes de todo o mundo, o artista irlandês Jim Fitzpatrick está lisonjeado com sua onipresença, mas preocupado com sua exploração para fins comerciais.
Fitzpatrick criou a imagem em 1968 com base em uma fotografia do revolucionário marxista argentino feita em 1960 pelo fotógrafo cubano Alberto Korda, e a disponibilizou de graça a qualquer um que quisesse usá-la.
Ela logo foi adotada por movimentos de esquerda, aparecendo em camisetas, pôsteres e panfletos, mas também foi usada por empresas para batizar produtos – algo que aborreceu Fitzpatrick e o levou a reivindicar os direitos autorais em 2010.
“Não me incomodava no começo, não dava a mínima para quem estava fazendo camisetas”, disse ele à Reuters.
“Mas quando uma grande empresa comercial, como uma empresa de cigarros, que literalmente roubou minha imagem, produz maços de cigarros com minha imagem distorcida do avesso, da esquerda para a direita, como se isso resolvesse o problema dos direitos autorais, aí tenho problemas graves, porque detesto este tipo de exploração comercial”.
Falando em seu estúdio caseiro de Sutton, ao norte da capital irlandesa Dublin, Fitzpatrick contou como a imagem foi criada.
“Fiz alguns pôsteres dela, mas o que importa, o preto e vermelho que é familiar para todos, o mais emblemático, esse foi feito após o assassinato e a execução (de Che) como prisioneiro de guerra, para uma exibição em Londres chamada Viva Che”, disse, referindo-se à morte de Che pelas mãos de forças bolivianas em 1967.
“O Che é muito simples. É um desenho em preto e branco ao qual acrescentei o vermelho. A estrela foi pintada à mão de vermelho”, explicou, mostrando uma estampa grande da imagem.
“Graficamente é muito intenso e direto, é imediato, e é isso que gosto nele”.
Fitzpatrick disse ter oferecido os direitos autorais da imagem à família Guevara, que ainda não devolveu os documentos necessários para a transferência, e que ao invés disso pode cedê-los a uma instituição de caridade local.
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