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Sul-coreana faz sucesso no Instagram com vídeos desencravando pelos

Dedicado exclusivamente aos pelos removidos, o Tweezist tem mais de 140 mil seguidores


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Selo BBC Brasil

Criada em maio deste ano, a conta já tem mais de 140 mil seguidores no Instagram. Com mais de 200 vídeos —cada um com cerca de 30 mil visualizações— é uma das principais produtoras de um tipo de conteúdo que virou uma nova febre da internet.

Mas não se trata de algo produzido por uma blogueira de moda ou pela sensação adolescente do momento. O perfil, chamado Tweezist, é de uma sul-coreana de 35 anos que arranca —e filma em close— os pelos encravados da própria perna.

A moda das imagens de remoção de pelos segue a onda de vídeos de cravos, espinhas e até cistos sendo espremidos —alguns fizeram tanto sucesso que os autores das principais contas acabaram virando celebridades.

Um exemplo é a dermatologista americana Sandra Lee, conhecida como dra. Pimple Popper, que tem 3 milhões de inscritos em seu canal no YouTube, vídeos que chegam a 12 milhões de visualizações e dezenas de aparições na TV.

A sul-coreana que se dedica aos pelos encravados, no entanto, não é médica, retira apenas os próprios pelos e prefere não revelar seu nome ou rosto.

"Não preciso ser famosa. Quero ser conhecida apenas como Tweezist", diz ela, que trabalha como revendedora de produtos na Coreia do sul. "Estou me preparando para revender as pinças que uso."

Para as filmagens, usa uma câmera com lente de aumento microscópica que pode ser ligada ao computador por meio da entrada USB. "É uma lente microscópica para crianças. Os meus seguidores têm reclamado da falta de foco, então estou procurando uma melhor, mas não é tão fácil", conta.

A mulher diz que é fã da dra. Pimple Popper e que sempre retirou seus pelos com pinça. Ela afirma ter comprado a câmera para enxergar melhor a pele durante a tarefa e começou a publicar os vídeos depois de ver a reação de seus amigos.

Mas garante que sempre gostou de "cutucar" a própria pele.

"Quebrei minha perna quando tinha 9 anos e tive que usar gesso por 2 meses. Se você já usou por bastante tempo, sabe que vira uma 'selva de pelos' ali embaixo. Então comecei a me depilar com essa idade, sem saber dos cuidados que você tem que tomar", explica ela em uma das postagens.

"Tem tantos pelos encravados sob a minha pele hoje... E como vocês veem, eu adoro tirá-los e compartilhar os vídeos com vocês", afirma. "Comecei como brincadeira e não imaginava que teria tanta repercussão."

Seus vídeos mais vistos são os com o maior "fator nojo": os de pelos inflamados e com a pele machucada. E é para eles que há mais demanda: um dos seguidores comenta que ela precisa postar mais filmagens desse tipo, senão ele vai acabar se cansando.

Os vídeos que fazem mais sucesso são os de pelos encravados e infeccionados

ESTRANHA OBSESSÃO 

Os pelos corporais encravados são um dos nichos crescentes no submundo dos vídeos de "nojeirinhas".

Além deles e dos clássicos de cravos e espinhas, há os de limpeza de cera de ouvido, de corte de unhas encravadas, de remoção de verrugas e de cáseos amigdalianos (pedrinhas de bactérias e células mortas que acumulam nas amígdalas) e até os de retirada de larvas comedoras de carne humana.

As produções variam desde as mais profissionais, feitas por médicos, até as amadoras. Se estiverem em ângulos ruins ou fora de foco, os vídeos são alvo de comentários indignados dos espectadores mais assíduos.

Não soltar uma exclamação de nojo ao se deparar com esses vídeos é quase tão difícil quanto tentar desviar o olhar. Mas afinal, porque coisas como essa - apesar de nojentas - tem tanto apelo?

O nojo é uma resposta do nosso organismo que nos protege de coisas que podem ser venenosas ou têm o potencial de espalhar doenças infecciosas, explica o professor Daniel Kelly, do departamento de filosofia da Universidade de Pardue, nos Estados Unidos.

Autor do livro Yuck! ("Eca!"), ele explica à BBC que fluidos corporais "anormais" ligam um sinal de alerta em nosso cérebro. "Quando detectamos esse tipo de coisa, nosso organismo está treinado para prestar atenção e ver o que há de errado, o que gera essa espécie de fascinação", explica.

Segundo ele, a internet é uma maneira mais segura de experimentar a fascinação gerada pelo nojo sem correr nenhum risco —o de se sujar com algo assim, por exemplo.

"É algo parecido com o prazer que sentimos ao andar de montanha russa ou assistir um filme de terror. Sentimos o frio na barriga sem de fato estarmos em perigo."

"Também há a sensação de alívio ao ver alguém se livrar de algo contaminado ou incômodo", explica o dermatologista Nisith Sheth, consultor da British Skin Foundation (fundação britânica de saúde da pele). "É quase uma catarse."

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