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Conheça a neuroarquitetura, uma nova forma de pensar os espaços de sua casa

Neurociência e arquitetura se unem para harmonizar ambientes

Neuroarquitetura: uma nova forma de pensar os espaços - Personare
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Andrea Leandro
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Você já notou o quanto o ambiente influencia na sua vida e principalmente na sua saúde? Não falo só no físico, mas também no campo emocional e mental. A união da neurociência, que estuda o sistema nervoso, com a arquitetura, que é a estruturação dos ambientes, deu origem à neuroarquitetura.

Criar ambientes com objetivos específicos que vão influenciar emocional e mentalmente as pessoas é a proposta da neuroarquitetura. À medida que o tempo passa outras linhas de pensamento se unem interdisciplinarmente nessa nova forma de pensar os espaços.

AMBIENTES REVERBERAM NA VIDA

Quantas doenças surgem dentro de casa por causa da sua configuração? Por exemplo, a falta de luminosidade natural pode favorecer quadros de depressão. Ambientes lúgubres são insalubres.

​A OMS (Organização Mundial de Saúde) identifica como “Síndrome do Edifício Doente” o conjunto de doenças causadas ou estimuladas pela poluição do ar em espaços fechados. O que ressalta a importância dos ambientes serem projetados não apenas em aspectos práticos e econômicos, mas também de forma saudável.

Ressalto que a influência de um ambiente não é só momentânea. Ela reverbera por muito tempo na vida das pessoas. Por exemplo, imagine-se no seguinte cenário: um lugar pequeno, teto baixo e com cor escura. Como você se sentiria? Sufocado ou aliviado?

Quanto mais tempo vive num ambiente assim mais a sensação aumenta. Uma igreja ou sinagoga, principalmente a dos tempos de outrora, eram pensadas justamente para ter o efeito amplificado de oração e da fala dos padres e palestrantes.

Assim como podemos ter espaços de harmonia pode-se ter de opressão. Tudo depende como os ambientes são pensados. Imagine andar por locais com estátuas gigantes com feições firmes ou sisudas. Podem passar uma ideia de poder, autoridade ou opressão. Dependendo da cultura pode-se ter interpretações diferentes.

Se isso vale para espaços públicos, imagine para residências. É muito importante conhecer a cultura do morador para poder definir que aspectos eleger e que façam bem para ele e sua família.

O PROPÓSITO DE CADA AMBIENTE

A pandemia trouxe uma grande reflexão sobre a morada. As pessoas que antes viviam pouco dentro do lar, com a necessidade de trabalhar em home office e conviver com os filhos pequenos por mais tempo, estão repensando seus espaços e alugando ou comprando moradias na praia ou serra, por exemplo.

Uma casa aconchegante e saudável vai além de apenas a decoração e sim como foi arquitetada. Pensando em vários aspectos como luminosidade, ventilação, cores, formas de tal maneira que congreguem o objetivo de tornar aquele espaço gostoso de estar.

Um escritório ou locais que precisam de concentração quando bem arquitetados colaboram para o seu objetivo: trabalhar com o mínimo de estresse. A mente tranquila consegue pensar melhor!

Dica: o óleo essencial de bergamota é perfeito para reduzir o estresse e relaxar a mente.

OLHAR PARA A NATUREZA E O CONVÍVIO

A conexão das pessoas com a natureza reverbera em bem-estar. Quanto mais plantas num ambiente, mais bem-estar elas podem trazer. O tamanho deve ser proporcional ao espaço (aqui você tem um guia completo de plantas para casa).

Além de absorverem elementos químicos de tintas e gases tóxicos que poluem o ambiente, tem seu apelo estético, orgânico, fluído e relaxante. Ter sua própria horta em casa beneficia a saúde dos moradores, mesmo que seja apenas pequenos temperos para sua refeição.

Se for no ambiente de trabalho, se torna um local para recarregar as energias com descanso e relaxamento. Vi isso, muitos anos atrás numa empresa que constrói caminhões. No meio da fábrica com seu ambiente cheio de máquinas pequenas ilhas de descanso com muitas plantas.

Faço parte desde sua criação do HBC (Healthy Building Certificate) é um selo que prima pela pessoa ser o foco da construção. Desde o início onde se discutia e se traziam ideias para o ambiente ser mais saudável promovendo bem-estar para quem ali vivesse.

O Allan Lopes, seu fundador, inúmeras vezes citava a frase: “A natureza é o padrão”. A vida acontece no meio natural. Se desenvolve com mais saúde. E quando se pensa os ambientes é preciso ter essa característica além de conforto, segurança e praticidade. Onde fala-se da natureza humana o tempo todo.

Aprendi também no HBC que a casa precisa ter um conceito família. Pois a estrutura base é a família. Para tanto criar espaços de convívio: alimentação, diversão, estudo e trabalho. Deixando o quarto para ser um local de descanso e recarregar as energias e não um mini apartamento onde as pessoas que dormem ali se distanciam dos demais moradores.

Esses conceitos nos levam a repensar o jeito da nossa moradia. Somos seres sociais, portanto a convivência é o cerne do nosso viver.

A PERCEPÇÃO MULTISSENSORIAL

A influência de um espaço não é só a curto prazo. Ao longo do tempo temos uma percepção multissensorial: cores, cheiros e tantos outros aspectos podem nos influenciar. Imagine uma família formada numa casa cujo ambiente não é acolhedor tanto no nível comportamental como de como os espaços são arranjados de forma a dificultar a convivência.

Com a neuroarquitetura é possível “ler” um espaço. Cada detalhe diz algo. Cada minúcia tem o poder inclusive de influenciar comportamentos. E daí podemos inferir que decisões que parecem inconscientes são influenciadas pelo ambiente. Veja dicas da neuroarquitetura para harmonizar cinco ambientes.

SALA DE ESTAR: Por ser um local acolhedor, podem estar presentes cores vibrantes. Se esse lugar também for usado para descansar, cuidado com excessos. Dê prioridade as plantas para relaxar o olhar, janelas com abertura para paisagens agradáveis e que possibilitem a entrada de luz e ventilação natural. Quem sabe uma mesa de canto para jogos de tabuleiro em família?

Ambientes com pé direito alto são mais agradáveis para a circulação do ar. Se o pé direito for baixo, pode dar uma ideia de opressão. Nesse caso, se não tiver alternativa, pinte o teto de branco e tenha móveis mais claros.

QUARTOS: São locais para descansar. Plantas podem estar presente. Priorize objetos que sejam agradáveis ao olhar e que tragam boas energias. Afinal é um local para trazer descanso e relaxamento.

COZINHA: Pode ter pequenos vasos com temperos. Além do aroma agradável, terá alimentos frescos para a refeição.

HOME OFFICE E LOCAL PARA ESTUDOS: Deve ser um espaço reservado, sem ruídos, onde quem ali trabalha ou estuda consiga se concentrar.

JARDINS: São locais agradáveis de se estar e de contemplação. Pode ter uma parede verde e alguns vasos de plantas. Investir na jardinagem, além de deixar a casa bonita, é uma prática que faz bem para o corpo e a mente.

A organização do local precisa permitir a circulação, privacidade inerente ao ambiente, segurança e as características que configuram aquele espaço.

Uma família pode conviver por muitos anos numa mesma casa e até gerações viver ali. Portanto, esse espaço precisa ser pensado para aproximar as pessoas e trazer aconchego, saúde e bem-estar.

A mesma ideia dadas as devidas proporções deve ser pensado para o ambiente de trabalho. A neuroarquitetura veio para trazer essa ação. Ir além de uma reflexão de o quanto os espaços influenciam o nosso bem-estar e a saúde. As construções podem mudar e salvar vidas quando bem arquitetados.

NEUROARQUITETURA NA PRÁTICA

Para montar um projeto aliando a neurociência e a arquitetura é necessário fazer uma entrevista com a família ou pessoas que vão conviver naquele local para que a construção atenda às suas necessidades.

Alguns cursos já surgiram no Brasil, como o curso de formação continuada, de 180 horas, oficial da Academia Brasileira de Neurociência e Arquitetura (NEUROARQ® Academy).

Há uma expectativa que a neuroarquitetura faça parte da formação acadêmica dos arquitetos e engenheiros –profissões que pensam a construção dos lares e ambientes de trabalho e convívio. E quiçá outras áreas, como psicólogos e médicos.

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