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Dia dos Pais: Bruninho lembra evitar o pai na seleção de vôlei: 'Na folga nem ia para casa'

'Hoje ele ainda cobra dedicação máxima, mas há uma coisa mais de pai e filho', diz jogador

O jogador de vôlei, Bruninho, com seu pai, o técnico Bernardinho
O jogador de vôlei, Bruninho, com seu pai, o técnico Bernardinho - Instagram/bruninho1
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São Paulo

Engana-se quem pensa que ter a mesma profissão do pai torna a vida de alguém mais fácil. Um exemplo disso é o jogador de vôlei e levantador da seleção brasileira Bruno Rezende, o Bruninho, 33, que desde os 15 anos atua no esporte e escuta cobranças de Bernardinho, pai e treinador vitorioso. 

De 2006 a 2016, o atleta foi treinado pelo pai na seleção canarinho. Os três primeiros anos, diz Bruninho, foram os mais difíceis de sua trajetória. E esse fato fez com que ambos se distanciassem um pouco. "O início não foi fácil, foi turbulento. Havia o fato de eu ser filho do técnico e eu não entendia aquela cobrança dele. Achava que eu deveria demonstrar mais do que os outros. Como havia pressão por resultados, na seleção evitávamos até ficar juntos, precisava de um tempo de descanso um do outro", relembra camisa 1.

Bruninho diz que Bernardinho sempre foi muito exigente com seus comandados, não importava se era filho ou não. "Nas folgas nem queria ir para casa, preferia ir a outro lugar para não estar tão perto. Era cobrança até em casa. Mas ao longo dos anos eu fui entendendo mais e nossa relação foi melhorando e evoluindo. Hoje ele ainda cobra dedicação máxima, mas há uma coisa mais de pai e filho."

Neste domingo (11), Dia dos Pais, o jogador não estará com Bernardinho, pois terá partida pela seleção brasileira, que disputa uma vaga para Olimpíada do ano que vem. "Estarei jogando o pré-olímpico. Não será a primeira nem a última vez que não passarei essa data com ele. Espero dar a vitória de presente, pois sei que ele é um torcedor”, comenta o jogador, que atua na Itália.

Bernardinho deixou a seleção em 2016 com o título mais importante de sua carreira, assim como na de Bruninho: o ouro do vôlei masculino na Olimpíada do Rio de Janeiro. Cariocas, ambos se dizem realizados por terem podido encerrar um ciclo vitorioso, juntos, com ouro e na cidade onde nasceram.

“Tenho orgulho da trajetória do meu filho. Desde sempre ele mostrou dedicação ao esporte para atingir um alto nível. Virou líder. Mais do que seguir meus passos, ele criou sua própria história. Fui um bom jogador, nada excepcional, e um treinador com alguns sucessos. Já ele lutou e não foi um caminho fácil”, afirma Bernardinho.

O treinador, que comanda a equipe feminina Sesc-RJ, é casado com a ex-jogadora de vôlei Fernanda Venturini, 48, que já foi treinada por ele e que também atuou como levantadora. Apesar das cobranças, Bernardinho sabe que tudo foi feito pelo bem de sua família. Ele é alucinado por títulos e pelo esporte.

“Nós [ele e Bruninho] somos hoje, até em função da idade, mais amigos e parceiros. Claro que o esporte ainda domina os assuntos quando nos vemos, mas falamos de futuro, estudos, áreas de interesse comum, vida pessoal. E só de poder estar perto é ótimo porque ficamos muito longe”, completa o pai.

E por falar em futuro, se o levantador levar à risca a tese de que o vôlei vem de berço, certamente Bernardinho terá um neto atleta. Mas o jogador diz que não vai forçar a barra de um futuro herdeiro. “Será difícil que ele não tenha vôlei no sangue. Vou tentar levar os ensinamentos do meu pai para ele, mas o deixarei escolher. Espero que ele me veja jogando", almeja Bruninho.

Se depender de Bernardinho, Bruninho é que pode virar um treinador assim como ele. "Não penso que ele deveria ser treinador, mas se virar será ótimo, pois tem inteligência emocional incrível e capacidade de entender bem. Ele é estudioso, gosta de números e de debater estratégias para buscar caminhos. Não seria simples, a dedicação e a entrega são maiores que como atleta. Se ele quiser isso, vou apoiar", finaliza o treinador.

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