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Rei da pegadinha, Ivo Holanda segura ibope do SBT

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Ele começou a carreira de artista como demônio. Depois foi o traidor Judas e Gestas -o ladrão que não se arrependeu dos pecados, crucificado ao lado de Jesus- em representações da Paixão de Cristo na periferia de São Paulo, nos anos 1970.

Hoje, Ivo Holanda, 76, é um dos responsáveis por manter o "Programa Silvio Santos" (SBT) na vice-liderança de audiência com as pegadinhas da "Câmera Escondida", no ar desde os anos 1990.

Nos últimos 16 domingos, no horário em que ele esteve no ar, o canal se manteve em primeiro lugar na audiência em cinco e foi vice em outros oito. Qualquer semelhança com o sucesso dos anos 90 não é mera coincidência.

Crédito: Marisa Cauduro/Folhapress Ivo Holanda, humorista nos estúdios do SBT
Ivo Holanda, humorista nos estúdios do SBT

O roteiro das novas pegadinhas é o mesmo: desavisados caem em histórias de mortos-vivos, gente que vai procurar emprego e toma susto ou é xingada na rua.

A disposição de Holanda, porém, não é brincadeira. Ele grava novos quadros quase todas as semanas. "Saio de casa sem nem ter ideia do que vou fazer", diz à Folha. É a produção, a mesma por quem ele chama quando a pegadinha sai do controle ("Socorro, produção!"), que faz o roteiro e escolhe o cenário.

Ele conta que a arte do improviso começou cedo na vida. Seu primeiro trabalho foi como engraxate em Herculândia (498 km de São Paulo), onde vivia com os pais e três irmãos.

CALOURO E OFFICE-BOY

Foi ainda tapeceiro e cantava no coral, quando recebeu o convite para integrar um grupo de teatro amador, já na capital, para onde se mudou em 1952.

"Eu canto desde os seis anos", diz Holanda. "Participei de vários programas de calouros na vida, sempre cantando 'O Ébrio' [canção eternizada na voz de Vicente Celestino (1894-1968)]."

Em 1953, em uma das encenações da Paixão, conheceu um funcionário do Banco Cruzeiro do Sul. Ficaram amigos e ele pediu um emprego. "Queria estabilidade. Antes quem era funcionário virava patrimônio do banco."

Foi contratado como contínuo, ou seja, office-boy. Nos 30 anos em que lá trabalhou -até se aposentar pela primeira vez-, viu o Cruzeiro do Sul ser comprado pelo Banco Bahia, depois pelo Bradesco.

Várias vezes tentaram mandá-lo embora. "Briguei muito com o Gushiken", diz sobre Luiz Gushiken, que foi do Sindicato dos Bancários antes de ser ministro da Secretaria de Comunicação Social no governo Lula.

Agora Holanda é aposentado duas vezes, uma pelo banco e outra pelo SBT. "Meu sucesso começou aos 56", diz ele, que adotou o Mandaqui (zona norte de SP) há 43 anos.

"Sou a nova Dercy Gonçalves do SBT", conta sobre o contrato vitalício assinado nos moldes do que teve a atriz, morta aos 101, em 2008.

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