Saiu no NP

SAIU NO NP: Tragédia no Metrô leva 'morto' a comparecer no próprio velório

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Histórias de pessoas dadas como mortas, só que não, despertam muita curiosidade.

O Saiu no NP já contou algumas delas, como a do "comerciante José Antônio da Silva", em 1972, a dos "operários em Minas Gerais", em 1973, e a do "morto que apareceu na missa de 7º dia", em 1987.

Porém, cerca de dois anos antes desta última, em 9 de novembro de 1985, outra história chamou bastante a atenção da imprensa, afinal tratava-se à época do primeiro acidente com vítima em elevadores do Metrô.

Crédito: Folhapress
Em 11 de novembro de 1985, o jornal "Notícias Populares" publicou a reportagem sobre a morte no terminal Tietê

Naquele sábado, Alexandro de Souza Lima, então com 14 anos, foi dado como morto no acidente ocorrido no Terminal Rodoviário do Tietê.

Além de ser registrado num dos locais mais movimentados de São Paulo, o fato teve caráter trágico, já que um menino perdera a cabeça esmagada por um dos sete elevadores do terminal.

Ao receber a notícia de que seu filho era a vítima, Aparecida Luci de Moura foi até o IML (Instituto Médico Legal) de Diadema para identificar o corpo.

Chamada a fazer o reconhecimento do filho, Aparecida desmaiou. Na incapacidade de a mãe realizar a identificação, outra parente da vítima foi chamada, mas também desmaiou.

Diante da comoção da família, o IML deu procedimento aos protocolos para que fosse feita a liberação do corpo e os processos para o sepultamento de Alexandro.

A informação de que seria Alexandro a vítima foi passada pelo irmão gêmeo dele, Alessandro de Souza Lima —eles faziam parte de um grupo de crianças que perambulava pela estação. Por isso o cadáver, assim que foi retirado por soldados do Corpo de Bombeiros, acabou encaminhado ao IML de Diadema, mais próximo da residência da vítima.

Registrada à época no 9º Distrito Policial (Carandiru), a ocorrência dava conta de que o menino pardo, cabelos lisos e escuros, trajando tênis azul, shorts com listras e camisa e blusão azul, estava no elevador quando a porta foi fechada —ao tentar evitar que ele se locomovesse, o garoto teria forçado a abertura colocando para fora o pé e, depois, a cabeça, que, após o elevador subir, foi prensada entre as ferragens. O relato do ocorrido foi feito por Getúlio Ramos de Arruda, que encontrou o corpo.

Crédito: José Luís Conceição - 10.nov.1985/Folhapress
Alexandro de Souza Lima, 14, no velório no IML de Diadema ao lado do caixão com o corpo que foi apontado como o seu

REVIRAVOLTA
Pautado pelo jornal "Notícias Populares" no domingo, dia 10 de novembro de 1985, para buscar uma imagem do caso, o repórter fotográfico José Luís da Conceição foi para o velório em Diadema e ficou surpreso.

"Eu estava preocupado, porque, para um fotógrafo, é sempre difícil realizar fotos desse tipo. Muitas famílias consideram invasão de privacidade, ficam revoltadas. Outras usam o fotógrafo para desabafar, esbravejar. Mas o comportamento das pessoas ali era diferente de tudo o que eu já tinha visto", relata Conceição.

De acordo com ele, os presentes conversavam em voz alta, davam risadas, contavam piada. Foi quando recebeu a informação de que a mãe só soube do engano por volta das 12h daquele domingo, depois de ter passado mal no velório e ido para casa. Na residência, deu de cara com o filho que acreditava estar velando momentos antes.

Depois do alívio, mãe e filho voltaram ao IML para relatar o equívoco, que foi noticiado pelo "Notícias Populares" em 11 de novembro de 1985 no texto "E o suposto morto compareceu ao velório".

O supervisor do Metrô de plantão no domingo afirmou à época desconhecer o caso. "Soube apenas que um garoto sofreu um acidente e que uma garota que estava com ele ficou em estado de choque", disse Carlos Chesine.

Crédito: Folhapress
Aparição de Alexandro no velório foi destacada pelo "NP"

Informado do equívoco, o delegado do 9º DP solicitou a remoção do corpo para o IML de São Paulo e disse não ter informações da garota que acompanhava a vítima.

Na terça-feira, como informou o "Notícias Populares", o corpo continuava sem identificação, e os elevadores seriam submetidos a verificação.

De acordo com o Metrô à época, a "morte de Alexandro" marcou a primeira vez que um acidente ocorreu nos elevadores da companhia.

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