Em briga na roça, rato devora gato
Em São Paulo, quase todo mundo já viu um rato. Levantamentos dão conta de que existem 225 milhões deles, ou 15 para cada habitante da maior metrópole do país.
Em Paranaiguara, cidade na divisa de Minas Gerais e Goiás, a proporção não deve ser a mesma, contudo de lá veio uma história que não é comum em São Paulo e que chamou tanto a atenção que virou manchete na capa do "Notícias Populares" em 27 de novembro de 1975.
Isso porque ela inverteu o que seria natural na cadeia alimentar. Ou, como publicou o "Notícias Populares", um rato fez uma coisa que todos os seus semelhantes gostariam de fazer: comer um gato.
De acordo com o jornal à época, a secular rivalidade entre estes dois animais foi posta por água abaixo devido ao fato —engraçado e talvez o primeiro (no país)— que se tornou comentário diário de uma leva de lavradores de uma roça distante quase 50 quilômetros de Paranaiguara.
DEBAIXO DO ABACATEIRO
Era manhã do dia 19 último (novembro de 1975) e sol brilhava violentamente no céu. Na roça chamada "São José", o casal Sebastião de Oliveira e Maria Lourdes Pereira tratavam alguns pés de mandioca, sob as vistas de seus oito filhos.
De repente, uma das crianças gritou para os pais: "Olhem lá debaixo do abacateiro..."
Sebastião e Maria, assustados, foram até a árvore e só então depararam com uma enorme ratazana, frente a frente com o "Malhado", o gato da casa.
VAI COMEÇAR A BRIGA
Tanto o homem, como a mulher, acharam a cena até engraçada. De um lado o rato, dentes afiados. De outro, o gato, pelos atiçados. Em volta deles, a família de roceiros, na expectativa.
"Malhado" tenta com suas afiadas garras o primeiro golpe. Mas o rato safa-se e num salto aplica uma mordida no pescoço do gato, que começa a sangrar, enquanto as crianças arregalam os olhos de medo.
Instante após, o rato volta morder violentamente o gato, até deixá-lo numa poça de sangue, sem vida. Condoídos com a cena, Sebastião, Maria e os filhos voltam a seus afazeres, já que nada mais poderiam fazer pelo "Malhado".
Acontece que, na hora do almoço, o casal viu debaixo do abacateiro o mesmo rato devorando o gato, que ficou apenas com a ossada à mostra. Depois vieram outros e arrastaram o bicho para o mato, desaparecendo com ele.
COMENTÁRIOS
Tão logo a notícia chegou a Paranaiguara, os moradores começaram a comentar os fatos. Nos botequins, nos armazéns, na pequena praça da cidade o assunto era este: rato que tinha devorado gato.
Só faltou mesmo o padre do lugarejo citar o fato no seu sermão. Houve até pessoas que, cheias de curiosidade, foram até a roça "São José", para ver a carcaça de Malhado. Mas não encontraram.
ENFIM...
Essa história, que parece um pesadelo para quem tem medo de ratos (ou ama gatos), mostra que sempre há o dia do caçador e o dia da caça.
E, para estes casos extraordinários, sempre há uma boa história nos arquivos do "Notícias Populares".
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