Saiu no NP

Droga muito louca pode provocar até 9 orgasmos

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Sexo sempre preencheu as páginas do "Notícias Populares". Na semana passada, o "Saiu no NP" destacou o caso "Broxa torra o pênis na tomada", mas agora, diferentemente do brocha, a seção apresenta histórias sobre o apetite sexual e como ele se relaciona com dietas, uso de drogas, atuação profissional e a idade.

Em 1º de agosto de 1970, chamou a atenção no "Notícias Populares" o caso do remédio brasileiro que prometia resultados milagrosos à virilidade masculina, tanto que gerou procura até por estrangeiros.

Apesar do enorme sucesso e repercussão, a fórmula não vinha de um laboratório, e sim de uma receita caseira vendida na barraca Santa Bárbara, especializada em produtos religiosos, em Salvador (BA).

Crédito: Folhapress A manchete "Droga muito louca provocar até 9 orgasmos", de 21 de julho de 1985, colocava "Nam" nas páginas do "NP"
A manchete "Droga muito louca provocar até 9 orgasmos", de 21 de julho de 1985, colocava "Nam" nas páginas do "NP"

Mesmo com registro e marca de patente no DNPI (Departamento Nacional de Propriedade Industrial), o último vidro do elixir à venda no país foi recolhido por Júlio Costa, chefe do Serviço de Fiscalização Profissional. O órgão também apreendeu na barraca defumadores de origem afro-brasileira e outros remédios sem condições de venda.

O fim do elixir deixou uma legião de usuários órfãos, incluindo um homem de meia-idade, que preferiu não se identificar, mas fez questão de deixar clara sua indignação com a proibição da venda, pois, segundo ele, o "santo remédio" não tinha nada que pudesse fazer mal à saúde e o fazia se sentir como nos velhos tempos.

À época, a dona da barraca alegou que todos os documentos para a legalização do produto estavam sendo ultimados, tendo pago para isso Cr$ 300 para um despachante cuidar dos trâmites.

À parte o desfecho do elixir milagroso, outras receitas para animar a vida sexual fizeram sucesso no "Notícias Populares".

Em 30 de setembro de 1984, sob o título "Os homens que mais fazem sexo no Brasil", a reportagem apresentou dois polivalentes do sexo, ambos então atores, que revelaram que o segredo estava na dieta. Sílvio Júnior, com 27 anos à época, afirmou que o segredo de sua potência, uma das maiores do cinema nacional, estava diretamente ligada a uma dieta natural, baseada no consumo de frutas, ostras, algas marinhas, milho e ovos de pata. "Cheguei a transar com seis garotas. Uma transa atrás da outra", afirmou, sem saber precisar com quantas atrizes já havia transado.

Ao lado de Sílvio Júnior, que tinha o sonho de contracenar com Sônia Braga, foi apresentado Oásis Miniti, que era dez anos mais velho e um dos pioneiros do sexo explícito no Brasil. Miniti tinha atuado em 38 filmes e era considerado a ereção mais rápida do cinema nacional. Casado e com dois filhos, afirmou que se alimentava à base de legumes, mel, ovos, queijo e leite de búfalo. Tudo isso supervisionado pela mulher. "Ela não tem ciúmes, porque sabe que eu sou um profissional e vivo de cinema."


Enquanto os atores brasileiros apostavam na alimentação para manter o pique, o médico argentino Carlos Allarcon denunciava no curso "Sexualidade nos anos 80", em Campinas (SP), o consumo no Brasil e na Argentina de um estimulante sexual químico conhecido como "Nam", procedente do Sudeste Asiático.

A "droga do sexo", como foi chamada, que entrava na América Latina através de traficantes, provocava por longo período a excitação da libido, porém também levava muito mais rápido à impotência permanente e irrecuperável.

Em 21 de julho de 1985, o "NP" levou o estimulante às suas páginas com a manchete "Droga muito louca pode provocar até 9 orgasmos", descrevendo que os usuários exceto impotentes apenas aspiravam ao líquido encontrado em uma ampola para despertarem o apetite sexual.

A reportagem descreveu ainda que "Nam" passou a ser usado clandestinamente pelos "gays" de Nova York e estudos a relacionavam a determinados tipos de Aids _o uso da droga, em grande quantidade, seria depressora do sistema autoimune e funcionava como disparador do impulso sexual.

De acordo com Allarcon, o "remédio" era incolor, inodoro e altamente tóxico, não devendo ser usado por via oral ou injetado, sob pena de o usuário sofrer um colapso metabólico total.

SEXO NA TERCEIRA IDADE
Ao tentar mostrar a diversidade do sexo, o "Notícias Populares" usava suas páginas e até colunas, como a "Tudo Sobre Sexo", para mostrar que o apetite sexual não se limitava à idade.

Uma mostra disso foram duas pesquisas publicadas pelo jornal, em 1987 e 1988, que revelavam que idosos tinham muito mais interesse e atividade sexual do que se poderia prever à época.

Crédito: Folhapress
Em 1987, jornal publicou estudo sobre sexo na terceira idade

No primeiro estudo, veiculado em 20 de abril de 1987, a Universidade do Texas, nos EUA, após avaliar pessoas de ambos os sexos e com idades de 55 a 90 anos, mostrou que as mulheres sabem melhor do que os homens que o envelhecimento torna de fato mais lentas algumas respostas sexuais e que também são elas que têm mais consciência de que podem manter sua sensibilidade nesse campo por muitos anos.

No segundo, publicado em 17 de maio de 1988, a Prefeitura de Kumamoto, no Japão, entrevistou mais de 7.200 idosos com 88 anos ou mais e revelou que a maioria dos homens se mantinha ativa sexualmente. A explicação, de acordo com a pesquisa, estava relacionada ao estilo de vida, com a maioria vivendo com a família e seguindo a tradicional dieta japonesa, comendo peixe, ovos, algas, arroz e produtos à base de soja. Um dado que chamou a atenção no estudo foi que nenhum dos entrevistados tinha problemas financeiros.

Já em 21 de maio de 1988, o "Notícias Populares" relatou o caso de uma mulher de 96 anos, internada em uma casa particular de repouso, que era fisicamente ativa e ainda tocava piano para a comunidade da igreja. Nessa idade ela era vista com frequência se masturbando. "Vivia em quarto separado e me pediu para que as pessoas batessem antes de entrar, pois com isso ela podia parar a tempo de não ser flagrada", afirmou a doutora Jane Thibault, da Unidade de Avaliação e Tratamento Geriátrico da Faculdade de Medicina da Universidade de Louisville, nos EUA.

Crédito: Folhapress
Estudo revelou que, no Japão, idade não limita apetite sexual

A reportagem que acompanhava texto informava que médicos, psicólogos e cientistas encampavam então uma batalha para que as casas de repouso não reprimissem a sexualidade dos idosos. A maioria dos cientistas considerava que "a capacidade de fazer amor permanece vital até mesmo depois dos 90 anos e os que são reprimidos nisso tornam-se infelizes, ficam deprimidos e adoecem mais facilmente".

A seleção acima mostra que o sexo, tema recorrente do "Notícias Populares", nem sempre preencheu as páginas do jornal apenas com tiradas engraçadas ou bizarrices.

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