"Eu não sou cachorro, não/ Para viver tão humilhado/ Eu não sou cachorro, não/ Para ser tão desprezado." Não há quem não tenha ouvido, ao menos uma vez, os famosos versos da música "Eu Não Sou Cachorro, Não" do cantor Waldick Soriano, cuja morte, aos 75 anos, completa nesta terça (4) uma década.

Embora o hit seja o mais lembrado do artista baiano, ele não tem só este, mas outros diversos sucessos com um tema muito claro: o amor rasgado. O legado deixado por Soriano ultrapassa as 500 canções. Também ganharam destaque "Tortura de Amor" e "A Carta".

"Ele recebeu muitas críticas por ser abertamente popular. Mas graças a ele e a outros, como Odair José e Agnaldo Timóteo, gravadoras de disco ficaram fortes no Brasil", diz Walmick Soriano, filho do cantor.

Ele também fala sobre a obra do pai. "Virou um símbolo da música romântica, tão em evidência hoje em dia." Walmick, que é produtor, fará em breve um show em homenagem a Waldick Soriano.

A vertente sensível do cantor, porém, não aparece apenas nas suas músicas. "Ele era um cavalheiro", diz a atriz Patricia Pillar, definindo em uma frase como foi conviver com ele. Ela foi a responsável, em 2007, por lançar o documentário "Waldick, Sempre no Meu Coração", que relata trechos da vida do cantor.

A artista também produziu um CD ao vivo com seus maiores clássicos. "Pesquisei por meses o repertório dele e encontrei, além das canções mais conhecidas, músicas que me encantaram muito", conta.

Esse trabalho estará disponível na plataforma de músicas online Spotify, ainda sem data definida. O documentário também tratou do lado pessoal de Soriano.

"Chamou a minha atenção a altivez dele, apesar da situação precária em que se encontrava. Ele já estava quase cego, pela catarata avançada, e eu só fui perceber um bom tempo depois. Ele nunca dava o braço a torcer", conta ela.

SORIANO INSPIROU ARTISTAS DA ATUALIDADE

Morto há dez anos, o cantor e compositor Waldick Soriano (1933-2008) deixou seu legado tanto nas suas músicas, que continuam lembradas, quanto na obra de artistas atuais que, assim como ele, têm o romantismo como tema central.

O cearense Falcão, que fez uma versão cômica, em inglês, para "Eu Não Sou Cachorro, Não", ressalta o humor que o cantor carregava. “Ele foi um dos primeiros a mesclar o amor rasgado com toques hilários”, diz ele, que ouve as músicas de Soriano desde a infância.

Outro cantor, Rodrigo José ressalta a qualidade artística de Soriano. "As músicas dele têm harmonias e letras interessantes. Além disso, é um sujeito de personalidade igualmente interessante, que marcou na música brasileira."

José, que canta músicas inspiradas nas canções românticas das décadas de 1960, 1970 e 1980, ganha inclusive elogios de Walmick Soriano, filho de Waldick. "É o único herdeiro do estilo de música do meu pai. Se o Waldick estivesse vivo, com certeza aprovaria a carreira dele e dividiria o palco com o Rodrigo", elogia.

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CONFIRA OS PRINCIPAIS MOMENTOS DE WALDICK SORIANO

1933 Nasce em 19 de maio, na cidade de Caetité, interior da Bahia

1960 Lança o disco “Quem És Tu?”, pela gravadora Chantecler. A música que dá nome ao álbum é a sua primeira canção de sucesso

1972 Sai o álbum “Ele Também Precisa de Carinho”, que contém “Eu Não Sou Cachorro, Não”, música que virou marco em sua carreira

1984 Grava "Waldick Soriano Interpreta Roberto Carlos", em que faz versões para "Café da Manhã", "Amada Amante" e "Escreva uma Carta", entre outras. O trabalho teve a bênção do dono das músicas e foi produzido pelo maestro do Rei, Eduardo Lages

2007 A atriz Patricia Pillar lança do documentário "Waldick, Sempre no Meu Coração", que narra a trajetória do cantor 

2008 Morre no dia 4 de setembro, no Rio de Janeiro, vítima de um câncer de próstata