Música

'Rock está passando por um momento difícil, mas vai se recuperar', afirma Tico Santa Cruz

Sertanejo e funk dominam cenário musical, aponta dados do Deezer

O músico Tico Santa Cruz
O músico Tico Santa Cruz - Bruno Poletti-25.jun.2014/Folhapress
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Cris Veronez Leandro Vieira
São Paulo

“O rock está passando por um momento difícil, mas vai se recuperar.” É assim que Tico Santa Cruz, vocalista do Detonautas Roque Clube, avalia o momento do rock no cenário musical atual. 

Pesquisa encomendada pelo F5 ao serviço de streaming Deezer confirma a percepção do cantor: rock é o quinto canal de gênero musical mais acessado na plataforma, atrás de sertanejo, gospel, pop e samba/pagode.

Considerando os dez países com maior número de streams, o Brasil fica em 8º lugar quando se fala em rock. Canadá vem em primeiro, seguido de Reino Unido, Estados Unidos, Espanha, México, França e Holanda. Depois dos brasileiros estão os colombianos e alemães. Porém, se refinarmos a busca por metal em vez de Rock, o Brasil avança para a quinta posição.

O serviço também analisou as 200 músicas mais ouvidas em 2018 e constatou que 43% delas são do gênero sertanejo e 21% de funk. O rock ficou com uma fatia de apenas 4% no ranking. Entre as cinco canções de rock mais ouvidas, há apenas uma nacional: "Tempo Perdido", do Legião Urbana.

“Tem muitas bandas legais que não conseguem espaço nas grandes mídias e atenção nas redes sociais, porque a linguagem mudou e muita gente ainda não se adaptou a essa realidade”, afirma Tico.

O artista, no entanto, continua esperançoso quanto ao protagonismo do rock. Diz acreditar que o gênero musical encontrará uma forma de voltar a ser atraente para a juventude. “Para isso acontecer, muita gente terá que entender que o rock não é e nunca foi um estilo careta e conservador, como vem se comportando atualmente. Espero que esse estalo se dê com mais rapidez, ou seremos reduzidos a menos dos 3% do mercado que possuímos hoje."

Com 21 anos de carreira ao lado dos Detonautas, Tico tem adotado uma postura mais versátil em relação a outros gêneros musicais. A banda, inclusive, resolveu dividir o microfone com Lucas Lucco recentemente. Eles lançaram o clipe "Por Onde Você Anda", canção do álbum VI (2017), do DRC, na quarta-feira (11).

A parceria pegou muitos fãs de surpresa, mas Tico garante que o feedback do público foi majoritariamente positivo. Diz também que a banda tem mais afinidades com o cantor sertanejo do que imaginava.

A quinta faixa do álbum VI, intitulada "Brother", é um exemplo da atual fase do Detonautas. A canção sugere que as pessoas podem discordar sem criar inimizade, e que essa é uma forma de fortalecer a democracia.

Com os dizeres “Deixa eu te trazer comigo / Vem ser meu amigo / Eu quero te mostrar / Esquece essa vontade louca / De apontar o dedo pra poder julgar”, a canção tem um olhar afetuoso sobre as diferenças de pensamento.

Talvez seja um reflexo do aprendizado que a banda teve nesse tempo de carreira. Tico, por exemplo, afirma que é uma pessoa menos impulsiva do que antes. O discurso político, muitas vezes em tom ácido, ainda permeia suas redes sociais e apresentações da banda, mas ele afirma ter mais cautela.

“Sou uma pessoa que se posiciona na internet, mas a minha posição particular não é a posição do Detonautas. [...] Claro que o Detonautas compartilha de algumas coisas, mas a gente nunca usa o palco como palanque para fazer discurso. Já usamos. Mas entendemos que ali não é o lugar para fazer isso. Você pode até pontuar uma coisa ou outra, mas não como antes”, afirma.

Ele também relembra um episódio ocorrido em 2005 quando fez um discurso de 15 minutos no palco. "Era uma época em que as pessoas nem estavam ligadas nessa discussão política. Sempre fomos uma banda engajada politicamente, do ponto de vista de se falar das questões sociais e políticas, mas por outro lado a gente percebeu num dado momento que por meio da própria música a gente poderia dar o toque sem sermos chatos."

O posicionamento do vocalista do Detonautas divide opiniões. A reação do público vai de um extremo a outro: há quem o venere e há quem o crucifique. Os comentários agressivos, no entanto, dificilmente são feitos cara a cara. “As pessoas confiam muito no anonimato e na impunidade ao cometer crimes de calúnia, injúria e difamação pela internet. A música ‘Brother’ é um convite a essas pessoas. Elas têm que perceber que o mundo mudou.”


SHOWS EM COMEMORAÇÃO DO DIA DO ROCK

O vocalista Beto Bruno, da banda Cachorro Grande
O vocalista Beto Bruno, da banda Cachorro Grande - Adriano Vizoni-25.jun.2015/Folhapress

Esta sexta-feira não é só 13, dia do terror. Hoje também é o Dia Internacional do Rock, reconhecido assim porque foi em 13 de julho de 1985 que foi gravado o Live Aid, festival que reuniu artistas importantes da música mundial, como Mick Jagger, Paul McCartney e David Bowie (1947-2016), para arrecadar fundos para a população mais pobre da África.

Com isso, São Paulo recebe uma série de shows que celebram a data. Um deles acontece no Café Piu Piu, no centro. Formado por Bacalhau (Ultraje a Rigor), Martin Mendonça (Pitty), Emilio Carrera (Secos e Molhados), Daniel Tessler e Johnny Trash, o grupo Os Spoilers passa por diversas épocas do rock.

Os convidados da noite são Beto Bruno, vocalista da banda Cachorro Grande, e Roger Moreira, do Ultrage a Rigor. “Como o rock teve seus vários momentos, a ideia é fazer uma grande festa. Vai ser uma coletânea ao vivo com o que o rock já proporcionou de bom”, conta Bruno.

Os Titãs também comemoram a data, com show no Tom Brasil. Eles levam ao palco show especial, com a ópera “Doze Flores Amarelas”e músicas gravadas em outros álbuns.

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