Música

Um ano após sua morte, cantor Belchior recebe homenagens como discos remasterizados

Boxe com seis discos remasterizados põe cantor cearense de volta nas prateleiras

O cantor e compositor cearense Belchior morreu há um ano
O cantor e compositor cearense Belchior morreu há um ano - Cleo Velleda-21.set.1999/Folhapress
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Fabiana Schiavon
São Paulo

Nesta segunda-feira (30) faz um ano que o cantor e compositor Belchior morreu, aos 70 anos. Antes disso, ele viveu isolado por uma década e seus discos permaneceram fora de catálo­go por pelo menos 20 anos.
Mas começam agora a surgir homenagens ao cantor e compositor cearense, como o boxe “Tudo Outra Vez”, que inclui seis discos de Belchior dos anos 1970 e 1980, em versão remasterizada.

Há ainda faixas-bônus e encartes especiais. “O boxe estava no meio da produção quando chegou a notícia da morte dele”, lembra o produ­tor musical Renato Vieira, idealizador do projeto, que já havia trabalhado no lançamento da caixa "Três Tons de Belchior”, criada para lembrar os 70 anos do cantor, completos no ano passado, um pouco antes de ele morrer.

O boxe, ainda à venda, reúne os CDs “Alucinação” (1976), “Melodrama” (1987) e “Elogio da Loucura” (1988). “Essa no­va caixa é praticamente um desdobramento desse outro lançamento. A grande novida­de é a versão original de ‘Como se Fosse Pecado’. Essa faixa era para ter entrado no disco ‘Co­
ração Selvagem’, mas, na época, ela foi censurada pelo regime militar, como muitas outras naquele tempo. 

Depois, Belchior até conseguiu gravá-la no disco seguinte, mas já não era a versão original”, diz. Com esses lançamentos, Belchior volta às prateleiras das lojas de discos e também estreia com algumas canções nas plataformas digitais. “É uma caixa que todo o mundo estava esperando, porque as
capas foram restauradas exa­tamente como eram e a remasterização foi feita direto das fitas originais. 

As faixas de todos os discos estão lá, salvo algumas faixas-bônus que incluímos, porque na mesma época ele também participou de álbuns de outros artistas”, diz Vieira.


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Nem só fãs devem curtir a novidade. “Todo o mundo vai gostar, esses discos estão na memória afetiva de muita gente. Foram álbuns que venderam muito e todos têm hits. Meu pai tinha esses discos, eu cresci ouvindo essas músicas e acredito que muito mais gente passou por isso.

Mas para os fãs fervorosos será item de colecionador.” Cada encarte tem críticas musicais da época e trechos de entrevistas do próprio Belchior dando a sua visão sobre o disco. “Nos outros trabalhos que fiz, procurei o artista para fazer uma entre vista atual, mas o Belchior estava desaparecido e, logo depois, morreu”, lamenta.

CANÇÕES AINDA ATUAIS

Quem segue e admira o tra­balho de Belchior está come­morando o lançamento do bo­xe “Tudo Outra Vez”. O músico Ricardo Potí afirmou que a se­leção dos discos traduz bem o que foi a carreira do cantor e
compositor.

“O álbum de 1974 mostra seu trabalho ao mun­do, chamando a atenção pelas melodias, o jeito descompas­ sado de cantar e seu flerte com a literatura. Já ‘Coração Selva­gem’ tem a música que mais me toca de Belchior: ‘Parale­las’”, destaca Potí.

A compositora Taciana Bar­ros diz que ainda aprende com Belchior, dia a dia. “Ele é um gênio que fala sobre o nordes­tino que vive em São Paulo, da luta diária pela sobrevivência, ou seja, ele ainda é atual.”

O produtor musical Renato Vieira lembra que Belchior ficou conhecido como Bob Dylan do Sertão, pela influência de Luiz Gonzaga em sua música. “Ele usou referências e criou uma identidade única.”

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