Grifes começam a entender que estilo 'beachwear' pode sair da areia e ganhar o asfalto
Nem só de biquíni e maiô se faz verão. Ou não deveria. Após três décadas reciclando o modelo duas peças, a moda brasileira começa a entender que o "beachwear" pode ser maior e sair facilmente da areia para o asfalto. Ou, no caso das grifes que desfilaram no terceiro dia de São Paulo Fashion Week, da areia para o iate, navio ou riviera.
O maior nome desse pensamento é Lenny Niemeyer. Paulista de espírito carioca, ela conseguiu transformar o básico de banho em prêt-à-porter de luxo. Uma série de maiôs gráficos, inspirados no abstracionismo de Hilma af Klint (1862-1944) e Emma Kunz (1892-1963), serviu de base para capas, vestidos e saias encaixadas como complemento das peças de praia.
Trabalhos manuais de tear e estampas que reverenciam as pinturas em pêndulos das artistas foram distribuídos de forma harmoniosa.
As golas altas de maiôs construídos a partir de um único fio, foram parar em camisas largas com barras despontadas, para serem usadas a qualquer hora do dia.
Mesma lógica segue Patricia Bonaldi. A designer mineira especializada em bordados suavizou a mão barroca, de olho no mercado internacional e em diferentes ocasiões —a marca PatBo é conhecida pelo viés noturno das peças.
À Folha, Bonaldi disse que já fechou dois pontos (em Nova York e Los Angeles) para abrigar as primeiras lojas próprias da marca nos EUA. Ainda não há data para a abertura. Por isso, a coleção apresentada na Bienal do Ibirapuera foi um remix de referências de moda ensolarada dos anos 1940, 60 e 70, a cara do look balneário dos EUA.
Estampas tropicais aplicadas em vestidos curtos, combinados a blazers, e em saias mídi com babados são pontos de interesse da coleção, cuja imagem, apesar de internacional, guarda referências artesanais do Brasil. Como as que Ronaldo Fraga desfilará.
Pela primeira vez, ele testará, nesta quarta-feira (30), uma coleção inteira focada em peças de praia.
Comercialmente, a estratégia de ampliar o guarda-roupa para o sol dá certo. A Água de Coco, de Liana Thomaz, não desenvolveu araras inteiras de roupas, mas, na coleção desfilada na noite desta terça (30), aprimorou as saídas de banho e os vestidos estampados da marca para o jogo de esconde e revela.
O experimentalismo, em falta nos últimos anos, desabrochou nesta edição. Na apresentação na marca de Vitorino Campos, também estilista da Animale. Ele fundiu a estética da moda usada em "raves" com a linha elegante da etiqueta.
Sete modelos criados por Campos estão disponíveis para baixar, até domingo (3), em vitorinocampos.com.br.
3º DIA DA SPFW
GIULIANA ROMANNO muito bom
VITORINO CAMPOS muito bom
LENNY NIEMEYER ótimo
VANESSA MOE regular
PATBO muito bom
TWO DENIM regular
LAB muito bom
ÁGUA DE COCO bom
Comentários
Ver todos os comentários