O adulto precisa redescobrir a brincadeira dentro da vida sexual
Livro 'Suruba para Colorir' traz uma oportunidade de pensar o sexo de forma lúdica
Dizem que a moda agora é o resgate da infância entre os adultos. Voltar a brincar, seja com bonecos realistas, carrinhos ou livros de colorir. Tudo isso muito triste! Não deveríamos voltar a brincar. Deveríamos nunca jamais em nossas vidas parar de brincar. O lúdico deve estar sempre presente no dia a dia, nas interações com amigos e afetos, nos hobbies e, inclusive, no sexo.
Uma das coisas que está destruindo o desejo na contemporaneidade é que o sexo muitas vezes é visto menos como uma forma de ter prazer e diversão e mais como uma meta para bater ou uma função para cumprir dentro dos relacionamentos.
Quando a transa está mais focada na exploração e nas sensações que elas podem provocar, certos temores muito clássicos como broxar ou não agradar ficam de lado. Afinal, a atividade deixa de girar em torno da meteção e passa a ser sobre encontrar e descobrir maneiras de provocar sensações prazerosas em si e no outro.
Isso pode se dar de maneiras bem prosaicas e acessíveis, com o uso das mãos ou de brinquedinhos sexuais ou de formas mais elaboradas e cerebrais, com jogos de poder ou representação de papeis.
A relação entre a sexualidade e o lúdico me veio à mente com força dia desses quando eu desenhava uma orgia para o livro "Suruba para Colorir #3", lançamento da editora Bebel Books que ganha o mundo nesta sexta-feira (23), às 19h no Canto Centro Cultural (avenida Dr. Arnaldo, 1638, em São Paulo).
O livro tem 21 artes de putaria coletiva, cada uma por um artista. A lista inclui, além da mim, nomes como Carol Ito, Helô D’Angelo, Malfeitona, Pedro Vinicio, Flávia Bomfim e Fabiane Langona. É pra pegar as canetas hidrocor ou os lápis de cor e se divertir como se isso nunca tivesse deixado de ser um hábito. E, além de tudo, é um excelente presente.
O meu desenho foi inspirado na pintura "O Jardim das Delícias Terrenas" (1504), de Hieronymus Bosch. O tríptico renascentista é dividido entre um tedioso paraíso, um agitado jardim de luxúria regado a prazeres da carne e um obscuro inferno. Busquei trazer a composição ao mesmo tempo caótica e simétrica e a ideia da sexualidade como um prazer conectado à terra e ao mundo da matéria.
Fica a minha recomendação para que possamos brincar com as cores e formas da sacanagem!
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