Zezé Motta e Ney Matogrosso permanecem mais transantes que muitos jovens

Volta e meia sai uma pesquisa ou matéria de métodos duvidosos dizendo que a Geração Z –que inclui nascidos entre 1995 e 2010– não quer saber de sexo. Eu duvido muito, porque é fato que a geração mais velha sempre acha que a geração mais nova trabalha menos, transa menos e é mais perdida na vida.

Porém, se é para defender alguém, defendo a Geração Z de Zezé Motta, cantora e atriz eternizada em "Xica da Silva" (1976) e que, aos 80 anos, está: 1) gravando audiolivro; 2) atuando em longas; 3) produzindo disco novo; 4) se preparando para fazer shows; 5) transando.

Ela contou tudo isso em entrevista ao site Heloisa Tolipan, em que comentou que acha normal uma mulher de sua idade poder transar e se relacionar com quem quiser e que sua mãe, falecida aos 95 anos, seguiu tendo relações com seu padrasto depois de idosa.

Não foi a primeira vez que a musa inspiradora da música "Tigresa", de Caetano Veloso, falou sobre sexualidade. Em 2023, ela disse ao UOL que sentia falta de sexo se ficava muito tempo sem.

Outro octogenário que anda transando bastante é Ney Matogrosso, que disse, em entrevista ao jornal O Globo, que sexo é a liberdade maior. Hoje em dia ele não transa tanto e nem com tanta gente como quando tinha 30 anos, mas segue dando seus shows e paquerando pelo Instagram.

A questão é que o passar dos anos é visível no corpo. Perdemos massa muscular, podemos ter mais dores crônicas, problemas vasculares, hipertensão.

Eu não sei vocês, mas quando eu penso em tudo isso, me pergunto como os mais velhos conseguem transar tanto se, não faz muito tempo, eu, aos 38 anos, tive que interromper uma transa porque meu glúteo médio e minha lombar começaram a doer muito (e olha que faço exercícios).

"As ditas ‘preliminares’ são a melhor parte e esse termo ‘preliminares’ é horrível. Sugere que o que vem depois é o que de fato interessa, e é justo o contrário", me contou um amigo de 75 anos. Ele me garantiu que hoje o sexo é mais longo e satisfatório do que há 50 anos. O segredo é explorar mais o prazer tátil e oral como transa, e não apenas como a antessala da penetração.

Entre as pessoas com mais de 70 anos com quem já conversei e disseram seguir na ativa, existe esse fato em comum: ou elas sempre enxergaram sexo como algo que vai muito além da meteção e envolve muitas carícias ou, em algum momento, elas passaram a vê-lo dessa forma.

A própria Zezé Motta já desabafou sobre como ter sido alçada à condição de símbolo sexual na década de 70 fez com que os homens colocassem em cima dela a expectativa de ser uma máquina. Para não decepcioná-los, ela atropelava o próprio prazer –insegurança que foi ficando pra trás com o passar dos anos.

É verdade que tanto mulheres como homens passam por alterações hormonais. Quem tem útero, pode ter ressecamento vaginal e está mais suscetível ao enfraquecimento do assoalho pélvico, que compromete os músculos da região e pode causar incontinência urinária. Quem tem pênis pode ter dificuldades para ter ereção. Mas ainda bem que as áreas da educação física, da fisioterapia, da medicina e da farmacologia nos ajudam a lidar com isso. Foco na Zezé.