'Babygirl': Cinco verdades sobre o filme erótico com Nicole Kidman
Bom comentário sobre poder e desejo, filme tem suas licenças poéticas
Chegou a minha hora de falar do thriller erótico que fez algumas amigas minhas saírem da sessão de cinema com vontade de dar. Estrelado por Nicole Kidman, "Babygirl" não levou nenhuma indicação ao Oscar, mas mexeu sim com certas libidos por aí.
Nele, a CEO Romy se envolve em um caso com um recém-chegado estagiário, traindo seu marido, um diretor de teatro vivido por Antonio Banderas. O lance é que o jovem mexe com uma fantasia da poderosa: ela gosta de ser humilhada.
O filme é um comentário sobre dinâmicas de poder. Afinal, seu estagiário pode até mandar você andar de quatro, beber leite numa tigela e deixar claro que pode te entregar para o compliance da empresa, mas você continua sendo uma pessoa mais rica e influente do que ele.
Em última análise, dá pra se dizer que é a história de uma executiva que teve seu sonho de dar para um jovem subalterno interrompido pela agenda woke, mas isso só fica claro mais para o finalzinho.
Como o assunto dessa coluna é sexo, vou me ater a comentar esse aspecto do longa-metragem, que é, sim, um filme interessante e com ótima atuação de Nicole.
1 - BDSM NÃO É BEEEEM ASSIM
A sigla engloba práticas de dominação, submissão, sadismo, masoquismo e outros fetiches sexuais. A postura do estagiário Samuel é de dominar e controlar a situação, fazendo com que o parceiro obedeça suas ordens, por vezes degradantes. Se você tem fetiche em dominar ou ser dominado é possível, sim, encontrar uma pessoa que vá topar entrar nesse jogo, mas não basta querer. Dificilmente você vai estar sentado em seu escritório e irá brotar um jovem versado em tais artes. Quem pratica o BDSM faz parte de uma comunidade –inclusive online– em que deixa claro quais são suas preferências e onde os desejos e limites são conversados bem antes de qualquer contato.
2 - INVERSÃO DE CLICHÊS, MAS NEM TANTO
Romance hot é o gênero mais lido no Brasil na plataforma Kindle Unlimited. As leitoras se deleitam em histórias com final feliz salpicadas de putaria pesada. Um dos maiores sucessos desse gênero é a trilogia "Cinquenta Tons de Cinza", onde um CEO se envolve com uma jovem. Mas, nessa obra, é ele, o executivo, quem assume o papel de dominador. Ao escalar uma mulher na posição de poder, o filme inverte um clichê do gênero. Contudo, na hora do sexo, continua cabendo ao homem o papel de controlador. Mas, ao colocar a chefe na posição de domínio, talvez a obra corresponda mais à realidade: amigas do metiê que são dominadoras me garantiram que presidentes de companhias e gerentões adoram ser submissos, permitindo-se abdicar do controle nesses momentos.
3 - SIM, MUITAS MULHERES NUNCA GOZARAM COM SEUS MARIDOS
Muitos homens são completamente cegos ao desejo de suas esposas e, quando elas tomam coragem para verbalizar o que querem, desfazem dele. É só penetração e nada de tensão. Só meteção e nada de dedada. E, comumente, esse marido não é um troglodita escancaradamente machista e, sim, um homem sensível com a pinta do Antonio Banderas.
4 - HABILIDADE MANUAL ESTÁ EM ALTA
Romy goza algumas vezes durante o filme tendo como instrumento dedos. Tanto os próprios, durante a siririca, quanto os do estagiário (que, aliás, tem longas mãos), quanto, finalmente, os do marido. Achar um clitóris e saber como circular o indicador e o dedo médio ao redor dele é um talento que, embora básico, está cada vez mais valorizado.
5 - QUALQUER UM VAI TE COMER MELHOR QUE UM INTELECTUAL
Quem sabe, sabe.
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