Série 'Physical' revive a febre da ginástica aeróbica dos anos 1980
Segunda temporada estreia nesta sexta-feira na Apple TV +
Com um corpo perfeito modelado pela ginástica aeróbica e a capacidade de brilhar em frente às câmeras, Sheila Rubin parece ter encontrado o veículo ideal para seus talentos: um vídeo em que ela ensina como se manter em forma às donas-de-casa que não têm tempo ou dinheiro para frequentar academias.
Estamos no começo da década de 1980, quando a aeróbica se tornou uma febre mundial. Sheila logo irá descobrir que não foi a única a produzir seu próprio vídeo, e que a concorrência na área está cada vez mais acirrada.
Sua vida pessoal também não está lá essas coisas. Desencantada com o marido, ela luta contra o desejo que sente por outro homem. E ainda terá que assumir que sofre de bulimia, um distúrbio alimentar sério, se quiser levar a vida saudável que apregoa em seu vídeo.
Este é, em linhas gerais, o arco dramático da segunda temporada da série "Physical", cuja segunda temporada estreia nesta sexta-feira (3) na plataforma Apple TV +. Oficialmente uma comédia, o programa também tem seus momentos sombrios, além de tratar de temas sérios como a aceitação do próprio corpo e o empoderamento feminino.
Na primeira temporada, todos os títulos dos episódios começavam com "vamos". Na nova safra, esta atitude positiva parece ter sido deixada para trás: agora os títulos começam com "não". Mas a criadora da série, a roteirista Annie Weisman, nega que o tom esteja mais pessimista.
"Esses 'nãos', na verdade, significam que Sheila está conhecendo melhor sua própria força", conta ela em entrevista por vídeo. "Estamos levando a sério a jornada dela rumo à recuperação total. Ao mesmo tempo, vamos nos divertir muito pelo caminho".
"Quando alguém sofre de algo tão sério quanto a bulimia, seu dilema interno fica ainda mais difícil de ser resolvido", acrescenta Rose Byrne, que interpreta Sheila –e também uma espécie de outro personagem, a voz da consciência de Sheila, que interfere em momentos cruciais da trama, dando conselhos à protagonista.
"Essa voz nem sempre está certa, mas é sempre uma presença poderosa", prossegue Rose. "Como atriz, eu adoro o desafio de fazê-la. É, na verdade, a última etapa do meu trabalho: eu gravo as falas dessa voz sobre as imagens já editadas. Sou dessas atrizes malucas que adora um estúdio de dublagem".
Boa parte das risadas da nova temporada são provocadas por um novo personagem: Vinnie Green, um instrutor de aeróbica muito mais bem-sucedido do que Sheila. Além de vídeos, ele também vende uma linha de roupas e acessórios com sua própria marca, e as aulas em sua academia vivem cheias.
Vinnie é feito por Murray Bartlett, que recentemente se destacou como o gerente do hotel da série "The White Lotus", da HBO. Para compor o afetado instrutor, ele se inspirou em figuras reais como Richard Simmons, um dos mais populares gurus da aeróbica nos EUA, conhecido pelos trejeitos afeminados.
Mas Vinnie não é o que parece ser à primeira vista. Sem querer dar spoiler, digamos que o personagem tem uma vida pessoal que não corresponde exatamente à de um homossexual convicto.
"Como ator, é sempre mais interessante lidar com um papel complexo, e não uma caricatura bidimensional", conta Bartlett. "Eu acho que Vinnie lida com as questões que afligiam os gays de 40 anos atrás, como "quem sou eu?" e "o que eu represento para o mundo?". Ele não se encaixa em nenhum rótulo, e vai deixar o espectador intrigado".
A Apple TV+ ainda não confirmou se "Physical" terá uma terceira temporada, mas ela já começou a ser escrita. "Ainda temos muitas histórias para contar", conclui Annie Weisman. "Sheila vai incorporar cada vez mais a persona de estrela da ginástica aeróbica. Ao mesmo tempo, ela ficará mais vulnerável, pois está cada vez mais honesta consigo mesma".
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