Tony Goes

Lady Night de Tatá Werneck é mais subversivo que Amor e Sexo

Apresentadora não tem o menor pudor de se mostrar sexualmente ativa

Tatá Werneck recebe Reynaldo Gianecchini no programa Lady Night
Tatá Werneck recebe Reynaldo Gianecchini no programa Lady Night - Reprodução/Instagram
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Durante um animado tiroteio com pistolas d’água, de repente Tatá Werneck grita para sua convidada Alice Braga: "Eu tenho um refém! Ele está fazendo sexo oral em mim." E de baixo da mesa da apresentadora sai o ator Franco Fanti. Com um absorvente na boca.

Se Danilo Gentili ou Fábio Porchat fizessem uma piada parecida, as portas do inferno se abririam. Mas como é Tatá, tudo é perdoado. E tudo é engraçado. 

Com sua terceira temporada atualmente em exibição pelo canal pago Multishow, Lady Night é um programa de humor disfarçado de talk show. Todos os ingredientes do gênero "late night" estão presentes: sofá para os convidados, banda, plateia. E há entrevistas, claro, mas que invariavelmente descambam para a palhaçada.

Só que há uma outra camada. No fundo, Lady Night é um programa sobre sexo, travestido de humorístico. Tatá Werneck usa o humor para se expor como uma mulher fogosa, livre para manifestar seus desejos mais íntimos.

Nesse sentido, a atração do Multishow é mais subversiva que o polêmico Amor e Sexo (Globo), que sofreu ameaça de boicote na temporada recém-terminada. O programa comandado por Fernanda Lima prega a diversidade enquanto promove brincadeiras no palco –mas, não raro, descamba para discursos politizados que alienam parte da audiência.

Nada disso acontece com Tatá. Ela usa termos como "grandes lábios" ou "chupei seu namorado" impunemente, sem que ninguém se sinta agredido. O fato de nunca ter entrevistado políticos também ajuda, silenciando as redes sociais.

E assim, a mensagem revolucionária de Tatá passa por baixo dos radares das patrulhas conservadoras. Nenhum sertanejo de pele ruim jamais a xingou de imbecil, como Eduardo Costa fez com Fernanda Lima. Todo mundo ri das barbaridades que ela solta, esquecendo que toda brincadeira tem os dois pés na verdade.

O fato é que Tatá Werneck é uma típica mulher de sua geração. Fala abertamente sobre sexo, discute o tamanho dos órgãos masculinos, faz piadas sujas. Essas garotas só são raras na TV brasileira. Na vida real, são muitas.

Nesta nova safra do Lady Night, Tatá também tem se revelado uma entrevistadora mais sagaz. Tanta segurança permite até que ela se mostre vulnerável em cena, meio assustada na presença de entidades como Caetano Veloso ou Susana Vieira.

Essa suposta timidez não impede que ela beije na boca quase todos os convidados do programa. São ósculos que vão um teco além dos famosos selinhos de Hebe Camargo. Tatá está realmente assanhada, no melhor sentido possível.

A partir de janeiro, o Lady Night será exibido pela Globo, durante as férias do Conversa com Bial. O humor anárquico e escancaradamente erótico de Tatá Werneck estará ao alcance de um público muito maior.

Vai ser divertido acompanhar, dentro e fora da TV.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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