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Grammy lembra de Adele e Beyoncé, mas ignora Bowie nas categorias principais

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Não tem erro. Todo ano o Grammy pisa no tomate, cometendo alguma injustiça de proporções épicas.

As indicações para a próxima edição do maior prêmio da música internacional foram reveladas na manhã desta terça (6). Muitas das previsões dos sites especializados se concretizaram: Adele e Beyoncé, sem dúvida as maiores divas da atualidade, foram lembradas em inúmeras categorias, e competirão pau a pau pelos troféus mais importantes.

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Mas um nome ainda mais fundamental do que elas foi solenemente ignorado nas categorias principais, frustrando as expectativas. E isto num momento que não poderia ser mais apropriado para sua consagração nos Grammys.

Estou falando de David Bowie, um dos maiores ícones do pop de todos os tempos. É espantoso pensar que o cantor e compositor que influenciou tanta gente, que lançou tantas tendências, que embaralhou as fronteiras entre o rock e a arte, tenha sido esquecido para álbum do ano, composição do ano e gravação do ano.

Bowie merecia, e não só por ter morrido em janeiro. Não seria um prêmio de consolação, mesmo levando em conta que ele ganhou apenas dois Grammys em vida (o primeiro, pelo clipe "Jazzin for Blue Jean", em 1985, e o segundo, pelo conjunto da obra, em 2006).

Acontece que seu último álbum, "Blackstar", é uma autêntica obra-prima. Lançado alguns dias antes do falecimento do artista, recebeu críticas excelentes e se instalou no topo das paradas. E revelou sua verdadeira amplitude depois que Bowie se foi: trata-se de uma meditação sobre o limiar entre a vida e a morte. A despedida e o epitáfio de um ídolo.

"Blackstar" foi indicado em outras categorias: melhor álbum de música alternativa, melhor engenharia de som, melhor capa, melhor performance de rock e melhor canção de rock (essas duas últimas indicações, para a faixa-título). Sim, é alguma coisa, mas ainda é pouco.

O Grammy é pródigo em erros históricos. O prêmio deu pouca atenção aos Beatles, demorou a reconhecer a disco music, não percebeu a importância de nomes como Madonna ou Queen (entre tantos outros).

É notório o conservadorismo de seus eleitores. Eles, além do mais, preferem premiar quem vende bem a quem lança discos realmente bons.

Essa situação mudou um pouco nos últimos anos, com a inclusão de algumas novas categorias e a supressão de outras, hoje inexpressivas, como melhor disco de polca.

Mas a omissão de David Bowie nas categorias principais desta edição vai entrar para os anais como sinal de miopia da Academia Fonográfica americana. Mais um, infelizmente.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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