A careca de Babi Rossi e, mais uma vez, os limites do humor
O cabelo é um dos pontos mais vulneráveis da identidade de uma mulher. Inúmeras amigas minhas já se desmancharam em lágrimas na cadeira do cabeleireiro, só porque o corte não saiu exatamente como elas queriam.
Imagine então ter seus cabelos raspados à força, com transmissão ao vivo pela TV. Foi o que aconteceu com a panicat Babi Rossi, a única do grupo original que conseguiu migrar com o "Pânico" da RedeTV! para a Band.
O caso já tem quase uma semana, mas continua repercutindo. Para o programa, foi ótimo: o "Pânico na Band" ficou em segundo lugar no ranking da audiência, perdendo apenas para o "Fantástico".
Babi ficou isolada numa sala enquanto os espectadores votavam no que fazer com ela. Quando chamada de volta ao palco, a moça foi informada que seria aliviada de sua longa cabeleira loura. Apesar do sucesso, o quadro pegou mal para muita gente - inclusive, segundo consta, entre o alto escalão da emissora.
Imagino o pânico, literalmente, que se instalou na cabeça de Babi. Aposto que nada em seu contrato afirme que ela deva se submeter a este tipo de humilhação em cadeia nacional. Mas, e se recusasse? Sua ex-colegas foram sumariamente dispensadas por muito menos.
Quem trabalha no "Pânico" tem que estar disposto a passar por certas coisas. Lembro de Sabrina Sato vestindo uma cueca recheada de dólares, ou de Vesgo tendo que engordar 18 quilos só para provocar Zeca Camargo. Mas a careca de Babi foi além: a panicat não é atriz nem humorista, é uma bailarina. Que, como ela mesmo disse, vive de sua imagem.
Por espírito esportivo, medo de perder o emprego ou até de represálias, o fato é que ela topou. Foi coagida? Foi. Mas vai se dar bem.
Babi Rossi ganhou manchetes por todo o Brasil no dia seguinte. Nunca teve tanta exposição, nem quando posou para a "Playboy" ano passado. E a revista, sempre rápida para contratar a beldade da hora, já a convidou para um novo ensaio. Com a cabeça raspada e sabe-se lá o que mais.
A panicat saiu no lucro, mas e o "Pânico"? Deu um golpe na concorrência ou baixou ainda mais o nível do humor na TV? Aliás, foi mesmo engraçado? Ou o objetivo do programa nem é mais fazer rir?
E assim continua o debate sobre os limites do humor. É um discussão que não termina, porque quase toda semana surge um fato novo. E que vai esquentar ainda mais nas próximas semanas, com as estreias de Rafinha Bastos em seu programa próprio no canal pago FX e no "Saturday Night Live" da RedeTV!. Que bom para nós, colunistas: assunto não vai faltar.
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