Os pernambucanos andam dominando nossas mentes e corações

Muito se fala no "soft power" coreano, que investiu milhões no audiovisual e hoje inunda o cinema e o streaming com doramas e outros produtos de sucesso. Mas um outro "soft power" tem dominado o Brasil. É a onda pernambucana, que acaba de ter "O Agente Secreto" de Kleber Mendonça Filho consagrado no Festival de Cannes e espalha talentos nas novelas, séries e filmes do momento.

Em "Vale Tudo", ao menos três artistas vieram da cena de Pernambuco: Renato Góes (Ivan Meirelles), Thomás Aquino (Mário Sérgio) e Maeve Jinkings (Cecília). OK, Maeve nasceu em Brasília, cresceu em Belém, estudou teatro em São Paulo, mas ganhou o título de musa do cinema pernambucano com "O Som ao Redor", "Amor, Plástico e Barulho", "Boi Neon" e outros filmes cult. No território do cinema, é de Pernambuco e não se fala mais nisso.

Thomás Aquino também ficou conhecido por um filme do Kleber, como o matador Pacote de "Bacurau" (2019). Em "Vale Tudo", seu Mário Sérgio está mexendo com o coração de Solange (Alice Wegmann), já abalado pela relação complicada com o esquerdomacho Afonso Roitman (Humberto Carrão). Thomás e Maeve ainda são os protagonistas da série policial "DNA do Crime", cuja segunda temporada acaba de estrear na Netflix.

E para comprovar que este é mesmo o ano do moço, ele ainda será Josué, o cangaceiro protagonista de "Guerreiros do Sol", novela de 45 capítulos que o Globoplay estreia na próxima quarta e é coescrita por outro pernambucano, George Moura.

Na trama, Josué tem três irmãos, todos eles vividos por atores pernambucanos: Irandhir Santos, que dispensa apresentações; Vítor Sampaio, que acabou de sair da última novela da sete, "Volta por Cima"; e Ítalo Martins. Ganha um bolo de rolo quem assistir à novela sem se encantar por pelo menos um dos quatro.

Ah, e falando em cangaço, Allan Souza Lima foi a grande estrela de outra série, "Cangaço Novo", do Prime Video. Nem preciso dizer de onde ele vem.

Nos cinemas, o filme brasileiro do momento é "Homem com H", em que Ney Matogrosso é vivido com maestria por outro pernambucano: Jesuíta Barbosa, que o Brasil conheceu ao lado de Irandhir em "Tatuagem" (2013), um dos grandes filmes vindos de lá nos últimos anos. Sem falar em Hermila Guedes, de "O Céu de Suely" (2005), que vive dona Beita, a mãe de Ney.

Antes de "O Agente Secreto", foi outro filme pernambucano que brilhou no Festival de Berlim, em fevereiro: "O Último Azul", de Gabriel Mascaro, que saiu do evento consagrado com o Grande Prêmio do Júri. O prestígio dos cineastas de lá é tão grande que todos os grandes artistas batalham anos para filmar com eles.

Matheus Nachtergaele, Caio Blat, Fernanda Montenegro e Cauã Reymond aparecem nos filmes de Cláudio Assis, como "Baixio das Bestas" e "Piedade"; Rodrigo Santoro estrela o último filme de Mascaro; Wagner Moura (baiano), Gabriel Leone e Maria Fernanda Cândido estão à frente de "O Agente Secreto". E nem vai dar tempo de falar de Renata Pinheiro, Lírio Ferreira, Marcelo Gomes, Leonado Lacca e tantos outros cineastas há anos desfilando ótimos trabalhos.

E a que se deve essa explosão de talento que hoje domina o audiovisual do país? A equação envolve trabalho e criatividade, mas também muito investimento no cinema de lá –um investimento que, ao longo dos anos, foi ganhando reconhecimento aqui dentro e lá fora. E, se antigamente uma emissora como a Globo se dava ao luxo de construir seu "star system" todo no eixo Rio-São Paulo, hoje é impossível não dar a eles o espaço de protagonistas.

"Guerreiros do Sol"
Estreia quarta 11/6
Globoplay: cinco novos capítulos às quartas
Globoplay Novelas (ex-canal Viva): de segunda a sexta às 22h40

"O Agente Secreto"
Estreia 6/11 nos cinemas