Thiago Stivaletti

Confira 5 momentos inesquecíveis de Marília Pêra

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Morreu Marília Pêra. Passei o fim de semana em casa, entre a Globo e a Globonews, atrás de todas as imagens de arquivo que eles passaram de Marília. Naquela briga de boteco de quem era a melhor atriz do Brasil, ela ou Fernanda Montenegro, sempre fiquei com Marília. Pelo humor, pela maneira de se autodetonar que quebrava a sua aura de estrela. E claro, pelo talento múltiplo: atriz, cantora, dançarina, diretora.

Marília foi tudo o que quis na Globo. Começou fazendo sucesso com mulheres populares —a Shirley Sexy de "O Cafona" (1971), a taxista Noeli de "Bandeira 2" (1971), a empregada otimista Manoela de "Supermanoela" (1974)—, mas também imortalizou duas grandes peruas falidas, a Rafaela de "Brega & Chique" e a Milu de "Cobras & Lagartos" (2006). E encerrou a carreira na TV novamente como pobre, como a Darlene da série "Pé na Cova".


Eu tinha seis anos quando ela foi a Rafaela de "Brega & Chique", que falava o tempo inteiro no "meu marido Herrrrberrrt", esticando bem todos os Rs. Perdia a sua fortuna para a outra mulher de Herbert, vivida por Glória Menezes. Pobre Glória —nessa novela, as luzes foram todas de Marília, que ainda criou uma dupla cômica genial com Marco Nanini, o seu secretário Montenegro.

Dois anos depois, ela assustava como Juliana, a criada chantagista da minissérie "O Primo Basílio", de Eça de Queirós. Marília remoía uma amargura e um ódio que ia explodindo ao longo da série. E tinha um maravilhoso momento de loucura: gostava de ir à praça exibir suas botas, o único orgulho da sua vida, mesmo em dias de chuva torrencial.

O que fica de Marília é essa paixão incansável pelo trabalho, ativa até na batalha contra o câncer, ainda gravando "Pé na Cova", sem vir a público falar da doença, oferecendo até o final o que tinha de melhor.

Abaixo, cinco momentos inesquecíveis de Marília no Youtube:

"Montenegro, quantas marmitas você acha que eu preciso vender pra pagar uma cirurgia de papada?"

Rafaela de "Brega & Chique" fazendo uma conta por alto de quanto vai gastar em plásticas.


"Não estou pra aturar não, sabeee?!"

Juliana, a criada chantagista de "O Primo Basílio", mete o pé na porta.


"Será que você me emprestava vinte e cinco pra eu poder comprar o meu tarja preta?"

Milu, a perua falida, sempre dependendo da bondade de estranhos.


"Já que não posso escolher a doença que vai matar-me, posso escolher ao menos o lugar onde vou morrer."

Maria Monforte volta a Lisboa e em breve se dá conta de que seus filhos, Carlos e Maria Eduarda, vivem em incesto.


"Quanto mais finas as tirinhas, mais forte será o amor que você conseguirá!"

Marília numa participação especialíssima no humorístico "Planeta dos Homens" em 1981, que tinha texto de Jô Soares e Luis Fernando Veríssimo, entre outros.


Thiago Stivaletti

Thiago Stivaletti é jornalista, crítico de cinema e noveleiro alucinado. Trabalhou no "TV Folha", o extinto caderno de TV da Folha, e na página de Televisão do UOL. Viciou-se em novela aos sete anos de idade, quando sua mãe professora ia trabalhar à noite e o deixava na frente da TV assistindo a uma das melhores novelas de todos os tempos, "Roque Santeiro". Desde então, não parou mais. Mesmo quando não acompanha diariamente uma novela, sabe por osmose todo o elenco e tudo o que está se passando.

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