Thiago Stivaletti

Top 5 - Confira 5 coisas que podem definir o sucesso ou o fracasso de 'A Regra do Jogo'

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Com "Babilônia" já devidamente enterrada —quem se importa até onde vai o brilho e a fama da Camila Pitanga, ou quem vai matar o Bruno Gagliasso? —, nossa expectativa está toda na estreia de "A Regra do Jogo", afinal, como bem gosta de lembrar a chamada, é "do mesmo autor de 'Avenida Brasil'", João Emanuel Carneiro.

Mas com todos que converso e comento que a novela pode ser muito boa, ouço a mesma resposta ressabiada: "É, mas a gente dizia a mesma coisa de 'Babilônia'... E olha o que deu."

Novela, como lembra o primeiro teaser (sensacional) do novo folhetim, é um jogo de xadrez. E alguns grandes fatores podem ser fundamentais para definir se "A Regra do Jogo" vai fazer história como a trama da Carminha ou não. A saber:

ALEXANDRE NERO

A Globo nunca repetiu um protagonista em tão pouco tempo. Como "Babilônia" encurtou, Nero terá largado o Comendador de "Império" há apenas seis meses quando assumir o papel de Romero Rômulo, personagem ambíguo, diretor de uma ONG para recuperação de presos que não largou totalmente o mundo do crime.

Do jeito que pinta Carneiro, Rômulo parece ser Flora e Donatela num mesmo personagem. Mas terá Nero estofo pra construir algo totalmente diferente do Comendador? Ou vai usar o mesmo charme quarentão, apenas sem barbicha e madeixas grisalhas?


A DIREÇÃO

A diretora Amora Mautner tem comentado sobre as ousadias que estão rolando nos bastidores: um estúdio redondo de 360°, muito improviso dos atores e câmeras escondidas que querem captar o frescor das atuações, sem as velhas marcações clássicas, técnica inspirada nos reality shows. Para isso, conversou muito com Boninho, mentor do "BBB". Só não foi um bom momento pra usar Boninho como referência: o "BBB" já esgotou há um tempão, e os dois últimos programas do filho do Boni, "Tomara que caia" e "É de casa", estão sendo detonados na audiência e nas redes sociais.

Crédito: Cecilia Acioli/Folhapress A diretora Amora Mautner
RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL, 15-08-2012, 17h00, Entrevista com Amora Mautner, diretora de Avenida Brasil.(Foto: Cecilia Acioli/FolhaPress, FSP-ILUSTRADA)

O MORRO DA MACACA

Terá o morro da nova novela, inspirado no Vidigal, a mesma força que o bairro do Divino de "Avenida Brasil"? O Divino tinha aquele absurdo maravilhoso, a mansão do Tufão incrustada no meio de um bairro da periferia do Rio, um tanto inspirado em Madureira —Tufão (Murilo Benício) e Leleco (Marcos Caruso) saíam da mansão e iam tomar uma cerveja com os amigos no boteco da esquina. Pura ficção. Se Amora Mautner e sua equipe conseguirem construir uma comunidade cheia de tipos diferentes, sem cair nos clichês do tipo morenas gostosas e caras fortes e malandros, a coisa pode pegar.

Crédito: Divulgação TV Globo Tufão (murilo Benicio) e Leleco (marcos Caruso) em cena de 'Avenida Brasil
Tufão (murilo Benicio) e Leleco (marcos Caruso) em cena de 'Avenida Brasil'

TONY RAMOS E SUSANA VIEIRA

É a primeira vez que os dois "monstros sagrados da Globo", como reza o clichê, viverão numa favela. O primeiro está com um visual até parecido com o Nilo (José de Abreu), o rei do lixão de "Avenida Brasil". A segunda, vivendo uma ex-prostituta e atual poderosa do morro, não parece a Mãe Lucinda, mas deve ser cheia de segredos como a Vera Holtz na novela anterior. Se funcionarem, podem ser boa parte do encanto de "A Regra do Jogo".

Mas não posso deixar de citar essa explicação sobre Zé Maria, o personagem do Tony, que está na Wikipedia: "José Mayer foi convidado para interpretar Zé Boi, mas recusou o papel. Tony Ramos entrou no lugar de Mayer, mas em razão de ser garoto-propaganda de uma marca de alimentos bovinos, o nome foi alterado para Pantera; porém por razão desconhecida, o nome do personagem de Tony Ramos foi novamente alterado para Zé Maria."


A ABERTURA

Tem gente que considera a abertura de uma novela só a cereja do bolo. Pra mim sempre foi a espinha dorsal da coisa, a chave do apego cotidiano à história. Quando é muito ruim, como em "Fina Estampa", ou não tem nada a ver com o clima da trama como em "Babilônia", pode pôr tudo a perder.

Quem não se lembra do "Oi oi oi" do kuduro de "Avenida Brasil"? Quem não se lembra do tango da "Favorita", e aquela animação que contava a história inteira do passado de Flora e Donatela em menos de um minuto? Carneiro, por favor, não faça por menos, mais uma vez.


Thiago Stivaletti

Thiago Stivaletti é jornalista, crítico de cinema e noveleiro alucinado. Trabalhou no "TV Folha", o extinto caderno de TV da Folha, e na página de Televisão do UOL. Viciou-se em novela aos sete anos de idade, quando sua mãe professora ia trabalhar à noite e o deixava na frente da TV assistindo a uma das melhores novelas de todos os tempos, "Roque Santeiro". Desde então, não parou mais. Mesmo quando não acompanha diariamente uma novela, sabe por osmose todo o elenco e tudo o que está se passando.

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