Thiago Stivaletti

O segundo beijo de Fernanda Montenegro

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Estou em casa tranquilo, tocando os meus frilas, quando toca o telefone. É um executivo da Globo me convocando para uma reunião importantíssima que eles farão no Projac sobre os rumos de "Babilônia". Não tenho muito tempo pra responder —a reunião será dali a três horas. Honrado com o convite —nunca imaginei que chamassem colunistas de TV para algo tao importante—, aceito e tomo um táxi pra lá.

A reunião é no mínimo estranha. Em volta de uma mesa oval, numa sala apertada, Gilberto Braga, Fernanda Montenegro, Camila Pitanga e mais cinco engravatados que eu nunca vi. Nem sinal de Glória Pires ou Adriana Esteves —devem estar gravando cenas alteradas em cima da hora. Menos ainda do Dennis Carvalho, diretor da novela.

Sem se apresentar, um dos executivos anuncia sem dó: "É uma pena, mas como os índices de audiência se recusam a subir, teremos que encerrar a novela em duas semanas." Duas semanas? Para uma novela que está há pouco mais de um mês no ar? Nunca vi isso acontecer.


Gilberto Braga baixa a cabeça, resignado, os olhos molhados. Eis que Fernanda interrompe o executivo: "Se é pra encerrar assim tão rápido, pelo menos vamos lutar por aquilo que a gente já conquistou, compreende?!". E dá um longo selinho em Camila Pintanga. Esta abaixa o rosto, meio tímida, meio Regina, e não se deixa beijar. Gilberto protesta: "Você não pode ser tao conservadora, Camila! Que vergonha! Você não é esse tipo de mocinha!".

De repente acordo. Sonho de noveleiro angustiado pelos rumos da sua novela é sempre uma caixinha de surpresas.

Onde vai parar?

Na última sexta, antecipando o Dia das Mães, Fátima Bernardes combinou o elenco da malfadada "Alto Astral" para falar sobre suas respectivas progenitoras. Num dado momento, depois dos comerciais, um bloco abria com ela e os atores dando um lindo e longo "abraço coletivo"... Foi constrangedor. Bobagem tem limite, mesmo num programa matinal.

Thiago Stivaletti

Thiago Stivaletti é jornalista, crítico de cinema e noveleiro alucinado. Trabalhou no "TV Folha", o extinto caderno de TV da Folha, e na página de Televisão do UOL. Viciou-se em novela aos sete anos de idade, quando sua mãe professora ia trabalhar à noite e o deixava na frente da TV assistindo a uma das melhores novelas de todos os tempos, "Roque Santeiro". Desde então, não parou mais. Mesmo quando não acompanha diariamente uma novela, sabe por osmose todo o elenco e tudo o que está se passando.

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