Voltar à TV de Márcia Goldschmidt ou seguir o futuro com IA de Marisa Maiô?

Estamos vivendo uma curiosa pororoca midiática, um choque entre o passado e o futuro, bem diante de nossos olhos colados nas telas.

De um lado estão as redes sociais, onde produções totalmente criadas pelas mais recentes ferramentas de inteligência artificial viralizam de forma exponencial. Os vídeos sintéticos de cenas bíblicas, com imagens hiper-realistas e linguagem coloquial atraem milhões de views em questão de horas. O programa fictício de auditório de Marisa Maiô, a apresentadora feita com IA, criada por Raony Phillips, é a sensação cômica do momento.

De outro lado, temos a TV aberta, que tenta repetir os sucessos do passado como saída para encarar o futuro. Nesse quesito, cada emissora tem sua solução para atender à nostalgia. A Globo produz remakes de novelas, o SBT reapresenta Chaves e Chapolin, e a Band decidiu recontratar Márcia Goldschmidt depois de 15 anos para reviver seu programa de "intermediação de conflitos interpessoais", conhecido popularmente como "programa de barracos".

É certo que há sempre um público disposto a alimentar sua memória afetiva e que clássicos de qualidade merecem ser conhecidos por diferentes gerações, o que levou a TV Cultura a revitalizar a premiada série Mundo da Lua.

É verdade também que sempre que surgem novas ferramentas e novas mídias, elas não cancelam as anteriores, mas somam-se a elas. Assim, convivemos com todas as telas simultaneamente, do telão do cinema às telinhas dos celulares.

Mas com a renovação do público, as preferências vão mudando também. Quais as chances de jovens da geração Z assistirem ao programa da Márcia na Band? A menos que role uma trend no TikTok envolvendo um corte, eu diria que não são muito grandes.

De qualquer forma, ninguém tem bola de cristal e num mundo caótico, tudo pode acontecer. E, como me sinto um pouco responsável por ter sido a pessoa que plantou a sementinha da TV na cabeça da Márcia, desejo a ela muito sucesso em sua volta.

Quem sabe ela e Raony não se encontrem e inovem juntos. Já pensou? Vai que rola um encontro de Marisa Maiô e Márcia... Biquíni? Não sei se daria certo, mas que seria épico, seria.