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Rosana Hermann
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Sabe o que é mais surpreendente na demissão de Bocardi?

Cada pessoa sempre tem duas chances de dar alegria aos outros: quando chega ou quando vai embora

Um homem está posando para a câmera em um estúdio de rádio. Ele usa óculos e uma camisa azul escura. O microfone próximo a ele tem um logotipo vermelho com a inscrição 'CBN'. Ao fundo, é possível ver uma iluminação suave e parte do estúdio.
O jornalista Rodrigo Bocardi - @rodrigobocardi no Instagram
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São Paulo

O jornalista Daniel Castro publicou uma apuração bombástica nesta quarta-feira (5) sobre a demissão do jornalista Rodrigo Bocardi. A notícia traz as acusações que causaram a demissão do jornalista por justa causa: "Bocardi foi acusado de cobrar de empresas de ônibus, coleta de lixo e de obras públicas para não criticá-las no ar".

O texto segue dizendo que Bocardi nega as acusações e se prepara para processar a Globo. Como era de se esperar, diante da gravidade das suspeitas, o "chá de revelação das acusações" ficou em primeiro lugar entre as mais lidas do portal UOL.

O assunto da quebra da ética profissional rodou todas as conversas em grupos de WhatsApp e redes sociais. Muitos lembraram de outros momentos infelizes do apresentador, alguns bem tolos, outros mais sérios.

Em 2017, por exemplo, Bocardi foi criticado por associar o uso de uma cebola que não provoca lágrimas exclusivamente às donas de casa, o que levou a pedidos de desculpas públicas.

Em 2019, ele fez outro comentário considerado machista ao sugerir que uma capivara fêmea estava "apreciando" roupas em uma loja. A colega de bancada, Gloria Vanique, rebateu o comentário ao vivo, chamando a atenção para o tom inadequado. Mas não foi nada grave.

Em 2020, o problema foi bem mais sério: o jornalista foi acusado de racismo por perguntar a um jovem atleta negro se ele estava indo ao Clube Pinheiros para "pegar bolinhas de tênis", referindo-se aos gandulas do clube.

O jovem, na verdade, era atleta de polo aquático. O comentário gerou grande repercussão e críticas nas redes sociais, levando Bocardi a se defender publicamente, alegando que confundiu o uniforme do atleta com o dos gandulas. O público nunca esqueceu. O vídeo desse momento constrangedor, para dizer o mínimo, voltou às redes após a demissão.

É comum que qualquer profissional que tenha uma carreira na televisão tenha admiradores e detratores, fãs que gostam do trabalho e críticos que apontam seus defeitos. Com Bocardi não foi diferente. Mas nada do que foi dito ou publicado foi tão surpreendente quanto um detalhe que passou despercebido: o silêncio dos colegas.

Não teve um jornalista que saísse em defesa de Bocardi. Nem na Globo nem em outras emissoras, nem na rádio onde trabalhava. Ninguém. Ao contrário. Em conversas privadas, as críticas eram unânimes. Palavras como "arrogante", "desagradável" e "deselegante" eram sempre repetidas para descrevê-lo.

Bocardi disse que recebeu convites de outras emissoras e que logo estaria de volta ao ar. Um jornalista amigo, porém, disse em off que, embora uma das negociações já estivesse adiantada, a publicação da matéria de Daniel Castro mudaria provavelmente os rumos desse contrato.

Ainda vamos ver muitos desdobramentos desse episódio. Mas, por enquanto, fica aquela lição: cada pessoa sempre tem duas chances de dar alegria aos outros: quando chega ou quando vai embora.

A escolha é de cada um.

Rosana Hermann

Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.

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