Renato Kramer

O mito da pessoas multitarefa desmascarado no 'Saia Justa'

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"Eu estou num nível de deprimir a mim mesma", confessa a atriz Mônica Martelli em debate sobre o ser "multitasking" (multitarefa) no "Saia Justa" (GNT) desta quarta-feira (16).

"Eu tenho pena de você", comentou a jornalista Barbara Gancia. "Eu também tenho", concordou Martelli. E declarou: "Essa questão de fazer muita coisa ao mesmo tempo, que foi muito valorizada até por empresas, já caiu por terra".

A atriz complementa afirmando que está comprovado que as pessoas não fazem milhões de coisas bem ao mesmo tempo. "Não há eficiência. O que importa agora é a qualidade, não a quantidade", argumenta.

E discorre sobre o tema, dando até um divertido exemplo pessoal: "A gente pode até se achar f*, mas temos uma tendência a querer terminar as tarefas, só que, quando a gente faz muitas coisas ao mesmo tempo, não termina cem por cento todas as tarefas. Então tem sempre uma sensação de angústia e insatisfação no final do dia".

Crédito: Divulgação Programa "Saia Justa", do GNT
Programa "Saia Justa", do GNT

Observa ainda algo que é mais comum do que pensamos: quando estamos fazendo algo em geral não fixamos o foco, já estamos pensando no que temos que fazer logo depois. "Eu, pelo menos, sou assim", afirma Martelli falando mais rápido que o seu pensamento.

E solta o seu exemplo pitoresco: "Outro dia minha mãe pediu para eu ir pegar um remédio para ela. Eu fui, só que já estava pensando em milhões de outras coisas. Quando eu me vi no meio do caminho da cozinha pra sala com aquele comprimido na mão e o copo d'água, eu já não sabia o que era aquilo e o que é que eu fiz? Tomei o remédio! Claro, achei automaticamente que aquele remédio era pra mim. Cheguei na sala, a minha mãe: minha filha, cadê o remédio? Eu: 'ai, tomei o remédio'". As colegas apresentadoras Gancia, Maria Ribeiro e Astrid caem na gargalhada.

"E é visível que a Mônica é assim pela velocidade que ela fala. Ela fala numa velocidade descomunal!", comenta Astrid. Barbara coloca que um dos motivos dessa "desconcentração" é que por vezes podemos estar executando uma tarefa chata —como escrever uma matéria sobre algo que não nos interessa muito— e, no meio do caminho, se desvia a atenção para uma notícia qualquer que nos traga uma "alegriazinha" —como "uma fofoca sobre o Brad Pitt". ´"Aí você já se desconcentrou. Para retomar o que você estava fazendo, demora um tempão. E tem dias que eu não retomo nunca", confidencia Gancia.

"O problema de fazer tudo ao mesmo tempo é que isso nos dá prazer", retruca Astrid. "Isso não nos deixa culpada. Eu tenho o maior prazer. Só que as empresas começaram a ver que o funcionário "multitasking" não rende tanto quanto o que está focado. Só agora fizeram essa matemática. A empresa já não está mais querendo a pessoa que chega se gabando de ser multitarefa", conclui a apresentadora. O foco agora é ter "foco".

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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