Renato Kramer

'Era impossível não se apaixonar por ele', diz Ney Matogrosso sobre Cazuza

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O cantor Ney Matogrosso, um dos melhores do cenário artístico brasileiro, esteve no "Mariana Godoy Entrevista" (RedeTV!) da última sexta-feira (28), reapresentado na segunda (31).

O público na rua pôde fazer perguntas ao cantor, e uma delas foi justamente se Cazuza (1958-1990) foi o grande amor da sua vida. "Não foi o grande, foi um dos grandes", respondeu Ney sem titubear. Mariana quis saber porque a relação dos dois não era alardeada, e Ney explicou que foi porque simplesmente Cazuza ainda não era famoso —mas que todos os amigos e os pais dele sabiam.

Então Godoy emendou o assunto perguntando o motivo pelo qual Ney não teria entrado no filme "Cazuza - O Tempo Não Para" (de Sandra Werneck - 2004). "Aí você não pode perguntar pra mim, tem que perguntar para a diretora que fez o filme", respondeu o cantor sem rodeios.

Comentou que chegou até ele que a mãe de Cazuza, Lucinha Araújo, é que teria vetado, mas confessou não acreditar nisso, até porque ela escrevera um livro ("O Tempo Não Para - Viva Cazuza" - Globo Livros) antes do filme ser realizado, em que falava sobre a relação dos dois.


Mas Ney comentou que não foi o fato de não citarem a relação pessoal dos dois que o chateou. "O Barão [Vermelho - banda da qual Cazuza fazia parte] já tinha três discos gravados e não tocava. Foi quando eu gravei "Pro Dia Nascer Feliz", que começou a tocar muito, que a versão deles passou a tocar também. Isso é uma informação interessante para o histórico das nossas vidas", ressaltou.

"Todos têm uma imagem do Cazuza muito agressivo e muito louco. Eu tenho uma imagem dele que é extremamente doce, suave e extremamente apaixonante. Era impossível não se apaixonar por ele. Todos que o conheciam se apaixonavam por ele, todos!", frisou Matogrosso.

E Ney, apesar da imagem extravagante que o caracterizou, seria tímido? O cantor afirma que não, que é recatado, reservado: "Eu não faço questão de ser visto fora do palco", declarou o cantor, que prefere observar a ser observado.

Fotos de sua trajetória são mostradas no telão. Mariana elogiou o "corpinho" do cantor. "É um corpinho bom, né?", concordou Ney e comentou que em tempos de Secos & Molhados pesava 53 kg. Hoje em dia pesa 61,5 kg.

Mariana se queixou por estar pesando 65 kg. E o cantor não a ajudou quando confessou que chegou a pesar 64 kg outro dia e ficou horrorizado. "Agora já tô horrorizada!", arrematou a apresentadora. "Vou entrar no Vigilantes do Peso amanhã!", brincou. "Não, é só comer pouco", dá a dica o cantor.

Mariana levantou a lebre da eventual influência do cantor em artistas jovens. Ney desconversou um pouco, mas Mariana foi ao ponto: colocou uma foto em que Ney está usando uma roupa muito parecida ou quase igual àquela com a qual o cantor Johnny Hooker sempre se apresenta.

"Você já ouviu Johnny Hooker? Ele se veste assim". Mas Ney preferiu não entrar nesse mérito. "Pois é, mas aí eu não vou nem comentar". "Ele fala que não é influência sua", cutucou Mariana. "Mas então ele vai ter que explicar", e ambos riram muito.

Ney declarou não acusá-lo de nada, e acha que quando a pessoa faz isso é porque admira —"e, às vezes, o faz inconscientemente até".

O cantor da voz cristalina conta da sua relação turbulenta com o pai militar no interior do Estado do Mato Grosso, até que aos 17 anos resolveu viver em São Paulo. Mais tarde, depois de muita conversa, fizeram as pazes. "Eu queria mesmo era ser ator. Cheguei a fazer umas três peças, nas quais cantava e dançava. Até que fui convidado para formar o Secos & Molhados".

Qual o sentido da vida? "O princípio do meu entendimento do viver é estar aqui para evoluir, em todos os sentidos. Eu acredito em tudo, acredito que tem vida em outros planetas. A minha mentalidade é muito aberta, eu não quero ser restrito". "Você não acha que com a morte tudo acaba?", questionou Mariana. "Não, então não teria significado passar por aqui. Eu prefiro que tenha significado", afirmou o cantor.

O seu segredo da boa forma? Ginástica todos os dias: musculação e bicicleta, além de comer pouco. Quanto a situação política atual, considera um "balaio de gatos": "Não tem nada de bom para falar então eu fico quieto". Mas, quando abre a boca para cantar ou prepara os ouvidos para ouvir, prefere os seus trabalhos "Ney Matogrosso Interpreta Cartola" (2002), "Seu Tipo" (1979) e "As Aparências Enganam" (1993).

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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