'Os casais abandonam a camisinha e as doenças sexualmente transmissíveis estão bombando', diz Laura Müller
A sexóloga Laura Müller esteve no "Programa do Jô" (Globo) desta terça-feira (4) para falar do seu mais recente livro "Meu Amigo Quer Saber...Tudo Sobre Sexo" (Leya Brasil).
"Até que ponto o livro é baseado em experiências vividas?", quis saber o apresentador logo de início. Laura deu uma risada entre surpresa e nervosa: "Olha, a parte pessoal da gente acaba ficando muito de lado nessa história toda", respondeu medindo as palavras.
E acrescentou com ênfase: "Tem que focar muito nesse conteúdo, estudar muito – a sexologia é uma ciência que requer um estudo constante: toda hora eu estou em congressos, estou sempre lendo bastante – então a gente acaba muito mais ficando no que o paciente está precisando, o público numa determinada palestra está precisando, o leitor... Enfim, a gente foca nisso e esquece bastante da pessoa", conclui.
Jô quis saber então que coisa mais espantosa a sexóloga teria visto ou ouvido nas convenções que frequenta. "Me surpreendeu quando eu estava no ano passado em Belo Horizonte, era uma palestra para umas 2800, 3000 pessoas. E eu achei que a plateia ia ficar um pouco tímida, porque eu faço uma palestra com perguntas e respostas", explicou.
E continuou: "Foi quando uma mulher entre seus 50, 60 anos levantou a mão e falou abertamente: quando eu uso o meu vibrador lá em casa, e contou o que ela fazia com o vibrador e queria saber se isso fazia mal ou não. Eu fiquei surpresa com a coragem dela estar falando se suas intimidades em frente a 3000 pessoas!", confessou Laura.
Na sequência a sexóloga falou sobre o HPV (Human Papiloma Virus), que aparece no histórico de vários de câncer: "até na garganta, fruto do sexo oral sem proteção", afirma Müller. "O bacana é que a gente agora tem uma vacina, meninas e meninos podem se vacinar. No Brasil ela só é gratuita para as meninas, a partir de 9, 11 anos – porque é antes do contato com o vírus que essa vacina funciona mais", esclarece.
"Hoje em dia tem tratamento pra tudo, é que as pessoas têm muito medo de ir ao médico", declara Laura. "O homem tem medo de ir ao urologista, a mulher por vezes resiste a ir ao ginecologista, e a conversa entre o casal, quando surge uma doença sexualmente transmissível, também é uma questão tabu! Alguém traiu alguém? Ou será que esse vírus já estava no organismo há muito tempo? É uma questão delicada", argumenta a sexóloga do "Altas Horas" (Globo).
E informa: "A gente tem dados de que casais até usam camisinha no início da relação, mas depois abandonam a camisinha e as doenças estão bombando mesmo!". A dica de Laura é: uma atitude bastante saudável, que os médicos sempre recomendam, é uma vez ao ano pelo menos ir ao médico, urologista ou ginecologista, e tratar. "Depois de uma certa idade, de 6 em 6 meses".
"O que os homens perguntam muito nas palestras é se quando você tem um problema desse tipo (câncer de próstata) isso vai interferir na ereção, se vai atrapalhar a vivência sexual. Não, não vai", afirma Müller. "Dependendo de como foi e se foi descoberto logo no começo, não vai atrapalhar", garante a sexóloga.
"Eu costumo dizer que o sexo tem mais a ver com a cabeça. Quando a cabeça vai bem você consegue ter desejo, consegue se soltar, sentir prazer por todo o corpo e não vai ser uma cirurgia que vai te derrubar, não vai mesmo", declara Müller.
Sobre estatísticas recentes que apontam para um maior número de homens com ejaculação precoce, a sexóloga explica que tudo está diretamente ligado à ansiedade do mundo moderno. Se o homem não conseguir relaxar para viver com plenitude o seu momento íntimo, poderá sim acontecer a ejaculação precoce.
"A impressão que me passa é que se você está numa relação de amor é mais difícil você ter uma ejaculação precoce do que numa transa eventual", observa Jô. "Isso é verdade", responde a sexóloga. "Na transa eventual, às vezes a pessoa chega muito ansiosa com o desempenho, quer mostrar muita coisa, quer mandar bem e tal. E numa relação de amor, que os parceiros se conhecem melhor, dá pra ficar mais tranquilo. Dá pra acolher melhor um ao outro, nem a mulher, nem o homem se sentem tão cobrados", explica.
E ressalta: "Nas relações com mais tempo, também fica mais fácil para a mulher chegar ao orgasmo. 30% das mulheres tem essa dificuldade, e quando estão em relações eventuais aí é que não conseguem mesmo!". "Mas o vibrador não veio ajudar nesse problema?", pergunta o apresentador. "O vibrador pode ajudar, mas mais uma vez é uma questão da cabeça, porque se essa mulher estiver usando o vibrador com alguma sensação de culpa, ou se não consegue se concentrar nas sensações do seu corpo, aí não acontece", conclui Laura Müller.
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