Renato Kramer

Tássia Camargo chuta o balde no 'The Noite' e sobra até para Grazi Massafera

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"Alguém da produção me disse que você me 'achava' tão talentosa!", queixa-se a atriz Tássia Camargo ao iniciar a sua entrevista com Danilo Gentili no "The Noite" (SBT) da última segunda-feira (23).

Com carisma à flor da pele, Tássia então comenta um episódio que ocorrera há alguns anos sobre essa questão do "era" (não é mais). "Chegou uma senhora que começou a dizer: nossa, você era tão linda, tão talentosa, você era tão legal, era...'. Aí o amigo que estava comigo soltou: a senhora 'era' fã dela, não era?. Eu tenho um problema", confessa Tássia, "quando eu dou muita risada eu faço xixi. Na hora eu me sentei no chão e o Zé Paulo me perguntou o que eu estava fazendo. Eu falei: estou fazendo xixi de tanto rir! Mas que eu era gostosa eu era mesmo", assume a atriz.

A atriz, que hoje dá aula de teatro e cinema na Casa das Artes de Laranjeiras (RJ), lembra que já foi "babá, empregada doméstica, secretária, telefonista, vendedora de revista em beira de estrada... Aí, aos 17, eu fui para o teatro. Fiz de tudo. Mas isso me deu uma bagagem pra minha profissão de atriz". Tássia prefere não generalizar sobre a "falta de teatro" nos atores de hoje, mas ressalta "a grande exceção". "É a Glória Pires, que nunca fez teatro e é uma maravilhosa atriz", conta.

"Ela nunca estudou teatro?", pergunta Gentili. "Nunca fez teatro, ela não tem coragem!", diz Tássia. "E é uma p* atriz!", retruca Gentili. "E é uma p* atriz!", confirma Camargo. "O teatro dá uma base muito legal. Eu digo para os meus alunos: façam teatro na TV, façam teatro no cinema. Agora tem gente que já fez muita coisa e você assiste hoje e está com a mesma cara de nuvem!", comenta.

"Grazi Massafera, um abraço!", grita o assistente Diguinho. "Ela não falou o nome", reclama Danilo. "Mas essa eu falo, porque não é atriz!", replica Tássia, enfática. "Essa eu falo porque, gente... Eu tenho uma coisa com o 'Big Brother', o 'Big Bosta Brasil'", alfineta. "Eu não tenho preconceito, mas tem exceção. Tem uma que é maravilhosa, não sei o nome dela, me desculpe até, com todo o respeito. Mas tem uma geração que eu digo, gente... O fundo do olho entrega tudo!".

Antes, Gentili lembrou de outra fase muito popular da atriz. "Tássia, eu devo confessar que quando eu era moleque eu gostava muito dessas revistas aqui", avisa o apresentador, mostrando no vídeo as três edições da revista "Playboy" (1982, 1985 e 1989) em que a atriz estampava a capa. "E não tinha Photoshop, não!", ressalta Tássia.

"Você não sabe como eu admirava...", ia dizendo Danilo, quando a atriz o pega no pulo: "Admirava, passado! Mas e aí, deu calo?". "Não, talvez tenha crescido alguns pelos na mão", responde Danilo. E Tássia chuta o pau da barraca: "Mas eu quero saber: gozava?". Todos riem.

"Todo o mundo que fazia a 'Playboy' dava entrevista dizendo que tinha feito arte. Eu sempre falei que fiz pelo dinheiro mesmo!", assume a atriz. "A 'arte' que eu fiz foi para os outros fazerem 'arte' depois no banheiro, no quarto —tanto mulher como homem", acrescenta sem pudores. "Eu admirava a sua beleza mesmo, não era só a 'masturbaçãozisse'!", retruca Danilo. E a atriz não perde a piada: "Mas a masturbação era rápida ou demorava?". "Hoje é mais rápido... Estou ficando velho", comenta o apresentador.

Crédito: Leonardo Nones/Divulgação/SBT Danilo Gentili recebe Tássia Camargo no "The Noite"
Danilo Gentili recebe Tássia Camargo no "The Noite"

"Não é só da sua 'Playboy' que eu sou fã. Eu sou fã de todo o seu trabalho, incluindo a 'Escolinha do Professor Raimundo' (1991), no qual a atriz vivia a sensualíssima Marina da Glória, que tinha o bordão: "Chamou, chamou?".

"A 'Escolinha' eu considero como uma faculdade. Trabalhar com o Chico Anysio, Grande Otelo, Brandão Filho, Zezé Macedo, Rogério Cardoso... foi uma verdadeira faculdade", diz a atriz. Em seguida, ela relembra situações engraçadíssimas ao lado de Cardoso e Otelo.

"Você foi uma 'sex symbol', é uma grande atriz... Tem mulheres que quando avançam na idade ficam se queixando, tentando reviver o que eram, você é muito bem resolvida, não é?", observa Danilo. "Eu sou bem resolvida. Acho que a idade tem que saber levar. Não sou contra quem faz plástica, mas não adianta eu querer ficar forçando a barra e querer parecer eternamente com 28 anos! Não sou contra quem faz, o importante é ser feliz. Eu sou feliz dessa forma", garante Tássia.

A atriz conta também sobre a sua passagem pelo circo, ao lado dos "Trapalhões" Mussum, Dedé e Zacharias. "Mussum fazia um alemão engraçadíssimo e eu, a namorada dele, mas era tudo no improviso", relembra. Sobre o primeiro papel de grande repercussão na teledramaturgia, Tássia concorda com Danilo quando ele aponta a Nicinha de "Rabo de Saia" (Globo, 1984).

"Eu estava com 23 anos, tinha acabado de ter o meu primeiro filho e foi ali que o Avancini percebeu meu lado cômico. É muito difícil o 'timing' da comédia. Quando me perguntam se é mais difícil chorar ou rir, eu sempre respondo: fazer rir!". A estreia de Tássia na telinha foi como a Majô de "Os Adolescentes" (1981). Em seguida veio a Myrian de "Elas por Elas" (1982) e a Nina de "Pão, Pão, Beijo, Beijo" (1983), sempre na Globo.

A atriz conta como era difícil comandar o "Vídeo Show" (1983), programa do qual se considera uma das criadoras e foi de fato a primeira apresentadora. "Não podia mexer muito a cabeça, tinha todo um padrão", conta. "Não é como aqui, que o cara não sabe nem falar português direito e está entrevistando os outros", solta Gentili.

"Você trabalhou aqui no SBT também?", comentou Danilo. "Sim, eu fiz 'Jamais Te Esquecerei' (2003), mas morri no primeiro capítulo!", confirma Tássia, gargalhando. "Mas eu fui avisada. Depois eu passava sempre na chamada, até o final da novela. E tinha gente que me falava que assistia só para me ver na abertura!"

Ao ser questionada se tem uma novela preferida, a atriz, que participou de umas 30, jura que gosta de todas, mas destaca: "Tieta" e "O Salvador da Pátria" (ambas de 1989), "Despedida de Solteiro" (1992) e "O Cravo e a Rosa" (2000). "E 'Dona Flor' (e seus Dois Maridos, 1998) também, foi fantástica. Eu fazia a Madona, que era uma prostituta, e tinha o [Marco] Nanini, o Otávio Augusto e o Francisco Cuoco – era demais!".

Para encerrar, Tássia Camargo ainda conta uma piada bem apimentada. Faz sucesso. Tássia não "era" talentosa. Ela é.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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