Com presença cênica desconcertante, Igor Rickli esbanja carisma em 'Jesus Cristo Superstar'
A versão brasileira da consagrada ópera rock da Broadway "Jesus Cristo Superstar" (Andrew Lloyd Webber e Tim Rice), que teve a sua adaptação homônima para o cinema em 1973, chegou com tudo aos palcos paulistanos.
Jorge Takla, que assina cenários (com Paulo Correa), figurinos (ao lado da talentosa Mira Haar) e a direção geral do espetáculo, foi muito feliz em todas as funções. O espetáculo é eletrizante.
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As músicas, com versões em português de Bianca Tadini e Luciano Andrey, mantém a mesma beleza e sonoridade das originais, brilhantemente executadas ao vivo por uma excelente orquestra sob a direção musical da consagrada Vânia Pajares.
O ator Igor Rickli, que viveu recentemente o vilão Alberto na novela "Flor do Caribe" (Globo), interpreta Jesus Cristo de uma forma intensa e visceral. Além da sua presença cênica, que é de uma beleza desconcertante, o ator se entrega de corpo e alma para contar a história do Nazareno —e o faz com força, garra e muita verdade. E canta. Canta muito.
Canta muito também o ator Alírio Netto, que vive Judas Iscariotes. Desde a abertura, com a canção "O Céu Não Vai Te Proteger", à final "Superstar", Alírio dá um show com a sua extensão vocal e a sua interpretação vigorosa. Negra Li complementa o espetáculo com a suavidade e o romantismo de sua Maria Madalena, especialmente emocionante na canção "Não Sei Como Amá-lo".
É difícil destacar atores em um elenco tão afinado, mas alguns papéis dão maior oportunidade do que outros. Fred Silveira faz um Pôncio Pilatos vibrante, com o seu cantar impecável. Rogério Guedes (Caifás) e Julio Mancini (Annas) formam uma dupla imbatível. Pedro (Cadu Batanero) tem o seu melhor momento na canção "A Negação de Pedro". E Wellington Nogueira ganha a plateia com o seu divertido e debochado Herodes Antipas.
A luz de Ney Bonfante ajuda a criar o clima adequado e envolvente do musical que, equivocadamente ao meu ver, tem sido causa de revolta de alguns grupos católicos que provavelmente se esqueceram de que o questionamento religioso, com o devido respeito tal qual se apresenta no espetáculo, sempre poderá ser até uma forma de fortalecer a fé.
Esbanjando carisma e talento, é Igor Rickli quem deixa a sua marca registrada no teatro com louvor ao protagonizar essa versão brasileira, em cartaz no Teatro do Complexo Ohtake Cultural (SP). Imperdível.
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