Renato Kramer

Proximidade com 'Amores Roubados' e 'A Teia' atrapalha estreia de 'O Caçador'

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A estreia de "O Caçador" (Globo) nesta sexta-feira (11), talvez, por transitar no mesmo universo que a recente série policial "A Teia", não causou muito impacto.

Pode ter ajudado também, impressão minha, o fato de o personagem central ser realizado pelo ator Cauã Reymond, que marcou presença há bem pouco tempo com a série "Amores Roubados".

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Distanciando um trabalho do outro, "O Caçador" tem bom roteiro —com redação final de Marçal Aquino e Fernando Bonassi—, e a direção-geral sempre competente de José Alvarenga Jr.

André (Cauã Reymond) é preso para acobertar uma trapaça do pai, o policial Saulo (Jackson Antunes) que está muito doente e em vias de se aposentar.


Ao esclarecer para o filho toda a armadilha que lhe armara, Saulo argumenta: "Eu e a sua mãe merecemos viver bem nossos últimos dias de vida, você não acha isso justo?".

Ao que André responde: "Não, não acho justo, porque a vida inteira você me deu o exemplo de ser honesto".

Saulo tenta convencer o filho de que já está tudo arranjado e serão apenas seis meses de prisão. E promete, antes de morrer, deixar um documento que o isentará de toda a culpa. Na verdade, André fica preso um pouco mais de três anos. Ainda na cadeia fica sabendo da morte do pai. O irmão e rival Alexandre (Alejandro Claveaux) não acredita na sua história e a rejeita veementemente, inocentando o pai morto.

"Se precisar de alguma coisa, não me liga!", diz Alexandre ao despedir-se do irmão ainda preso.

Ao sair da cadeia, André encontra um personagem fantástico, vivido por Milton Gonçalves.

Para limpar a sua barra, tudo o que André deseja ao ser livre é provar a sua inocência. É quando procura por um antigo colega, Lopes (Ailton Graça), que lhe nega ajuda num primeiro momento, mas logo depois lhe faz uma proposta irrecusável: tornar-se um caçador de recompensas.

"Você foi um dos melhores farejadores da polícia, esse é o seu grande talento!", tenta convencê-lo Lopes.

"E você vai correr o risco de trabalhar com alguém em quem não confia?", retruca André, referindo-se a Lopes também duvidar da sua inocência.

"O risco é seu, não meu", argumenta Lopes. André aceita.

O clima do seriado é "dark", tanto quanto a voz de Ney Matogrosso na abertura é "clean".

"O Patrão Nosso de Cada Dia" (João Ricardo) ressoa lindamente no fundo do oceano enquanto sobem os créditos do programa. As interpretações marcantes de Jackson Antunes, Ailton Graça e Alejandro Claveaux foram os destaques do primeiro episódio.

Cada vez mais maduro como ator, dono de uma fotogenia exuberante, Cauã Reymond tem as rédeas de "O Caçador" nas mãos e as domina com propriedade.

Pela sua entrega e garra no novo desafio, provavelmente nos próximos episódios já tenhamos nos desembaraçado da "teia" de comparação e deixado o seu vigoroso Leandro de "Amores Roubados" em paz.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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