'Não faria mais o que fiz', diz Ratinho sobre começo de carreira no 'Conexão Repórter'
Logo ao acordar, Ratinho toma um rápido café com leite e come um pãozinho francês e pega a sua bicicleta para ir direto para a academia. Pedalando pelas ruas de Alphaville (SP). Tudo bem que a bicicleta é elétrica e isso ajuda um pouquinho.
Já em pleno exercício, Ratinho desabafa: "É muito ruim isso! Muito ruim. É pior do que trabalhar na roça!". Para o corre-corre do seu dia a dia, o apresentador dispõe do seu próprio avião e do seu helicóptero. "Isso não é luxo, é equipamento para trabalhar", explica Ratinho.
De São Paulo, Ratinho chega ao aeroporto do Bacacheri, em Curitiba (PR) em seu avião particular. Lá o espera o seu helicóptero que o leva até a Fazenda Ubatuba, em Apucarana (PR) — onde tem uma plantação de 1,3 milhão pés de café, distribuídos em 200 alqueires.
"Mais por paixão do que pelo retorno financeiro", esclarece Ratinho. "Estou levando prejuízo aqui nesta fazenda há quatro anos". "Vai desistir?", pergunta Cabrini. "Não", responde Ratinho de pronto. "Paixão custa caro!", conclui.
Mas Ratinho fez um bom negócio. A fazenda, comprada por R$ 9 milhões, já está valendo R$ 50 milhões. "Sempre que você compra terra, você não perde", ensina o Ratinho empreendedor. É na sede desta fazenda que Ratinho reúne os bons e velhos amigos, faz roda de samba sapecando uma percussão ritmada enquanto assa uma boa costela.
"Sempre que eu venho para cá eu junto os amigos, nós 'enche' a cara de cachaça, fica tomando cerveja e comendo costela!", declara Ratinho. "Sempre foi assim?", pergunta o jornalista. "A diferença é que antigamente a maioria deles é que me pagava o churrasco, hoje eu pago para eles com muita alegria", confidencia Ratinho.
Roberto Cabrini pergunta então sobre o destino. "Você acha que estava tudo escrito?". "Eu acho que está tudo escrito. Tenho certeza. E eu sou a maior prova disso", afirmou Ratinho com convicção. E acrescentou: "Uma vez eu disse para um companheiro que pescava aqui comigo: um dia eu vou ser dono dessa fazenda."
Carlos Massa, o Ratinho, nasceu em Águas de Lindóia (SP), onde viveu somente até os quatro anos de idade. Foi então com a família para Marumbi (PR). "A gente era muito pobre. Meu pai era pedreiro, mas nunca faltou comida em casa", conta Ratinho.
"Fui um menino muito feliz, eu era muito querido na cidade. E eu era coroinha, e ser coroinha naquela época era muito importante", relembra Ratinho. "Alguma vez tomou o vinho do padre?", quis saber Cabrini. "Tomei", respondeu Ratinho rindo. "Tomava sempre escondido, porque o padre era bonzinho mas era brabo".
Ratinho foi engraxate, lavador de carros e açougueiro. Aos oito anos de idade é que o Carlinhos virou Ratinho. "Ninguém deixava eu jogar futebol, porque eu era muito pequenininho. Então eu ficava esperando a bola ir para bem longe e corria pegar e não devolvia até me deixarem entrar no jogo". Foi aí que nasceu o apelido de Ratinho.
"E você gostou do apelido?", perguntou Cabrini. "No início não. Tocava pedra na molecada que me chamava de Ratinho. Mas daí eu fui me acostumando, e fui notando que não era um 'ratinho raivoso', era um 'ratinho carinhoso'."
Adolescente, mudou-se para Jandaia do Sul (PR) e foi trabalhar no teatro da faculdade. "E daí comecei a gostar muito disso. Foi o melhor período da minha vida", confessa Ratinho. Aos 19 anos foi eleito vereador da cidade. Foi em Jandaia que ele aprendeu a vender. "Que nota você se dá como vendedor?", indaga Cabrini. "Nove. Eu só perco para o Silvio Santos", afirma Ratinho sem pestanejar.
Em 1989 é eleito o vereador mais votado de Curitiba (PR). E em 1991 se elege deputado federal pelo Paraná, onde permaneceu até 1995. Alguma desilusão? "Todo o mundo achava que eu era importante e eu sabia que não era", lamenta Ratinho. "Algum plano para voltar?". "Nunca, nenhuma possibilidade. Zero!", responde convicto o apresentador. "É a única coisa que você pode ter certeza que eu nunca vou fazer".
Em 1991 também foi a sua estreia na televisão local, com o programa "Cadeia", com Carlos Ratinho Massa. "Hoje eu não faria mais o que fiz", confessa Ratinho. "Porque as vezes você acaba julgando um camarada e cometendo uma injustiça, e eu não quero mais cometer injustiça", argumenta Ratinho.
Depois de uma rápida passagem pela Record, em 1998 chega a consagração definitiva com o seu "Programa do Ratinho" no SBT. "Eu fui mudando o meu programa. Fui saindo do sensacionalismo e entrando para o entretenimento", explica o apresentador.
Um rápido passeio pela sua primeira propriedade adquirida: "Unidade Jandaia Agro- Pastoril Café No Bule Ltda", cujos produtos cultivados são a Palmeira Real e a Palmeira Imperial. Já na Fazenda Costa Rica, em São João do Ivaí (PR), Ratinho mantém plantações de milho e soja. "Se eu não trabalhasse na televisão eu viveria como um rei nessa fazenda, porque ela dá um lucro muito especial", comenta Ratinho.
No início de 2008, a Rede Massa de Comunicação dá início às suas operações — e Ratinho realiza o sonho de ter a sua própria televisão. "O Silvio é uma referência para você?", pergunta Cabrini. "Muito. Eu fiquei observando o programa do Silvio e vi que tudo é muito simples. E que é essa simplicidade que o povo brasileiro gosta", conclui Ratinho.
"Você está na sua melhor fase?", quis saber Roberto Cabrini. "Estou. Eu estou mais feliz hoje do que quando era 1º lugar na audiência", responde serenamente o apresentador Ratinho. "Porque hoje eu estou fazendo o que eu quero, sem ter que brigar, sem ter que polemizar...fazer o programa hoje é uma brincadeira. É como se eu fosse tomar um café!", resume Ratinho.
Casado há mais de trinta anos com Dona Solange, três filhos dos quais se orgulha muito, e seis netos que mima o mais que pode, Ratinho considera a sua família o seu verdadeiro alicerce. "O que te causa medo?", perguntou-lhe Cabrini quase encerrando. "Doença. Tenho muito medo de morrer!", confidenciou o destemido Ratinho. "Como você gostaria de ser lembrado?", encerrou Cabrini. "Como um cara que amou a vida como ninguém. Intensamente!"
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