Aos oitenta anos de idade e cinquenta de carreira, o ator Luis Gustavo, que se recupera de um grave problema de saúde, afirmou no "Fantástico" (Globo) deste domingo (2): "Eu nasci de novo!".

Mário Fofoca, de "Elas Por Elas" (1982), Victor Valentin, de "Ti-Ti-Ti" (1985), Juca Pirama, de "O Salvador da Pátria" (1989), e Vavá, de "Sai de Baixo" (1996-2002/ 2013) – são alguns dos personagens marcantes do querido ator Luis Gustavo – sueco de nascimento, mas brasileiro de coração.

Mas para os que o acompanham há mais tempo, Luiz Gustavo ainda remete ao seu clássico personagem "Beto Rockfeller", da novela homônima da extinta TV Tupi (1968).

Atualmente o ator está se recuperando de uma doença grave. "Começou com uma gripe, fiquei meio atordoado com o ouvido, comecei a passar mal e capotei no estúdio (Globo)", conta o ator chamado carinhosamente de Tatá pelos colegas.

Uma bactéria não identificada se instalou no intestino do ator. De lá foi para a cabeça, pela corrente sanguínea, e acabou indo parar no coração – onde o ator tem uma prótese por conta de um infarto, informou a produção do "Fantástico".

"Descobriram que eu estava com endocardite (infecção na membrana interna do coração)", conta Tatá. "É uma bactéria inteligente: ela se esconde do antibiótico, do raio X, da ressonância...é uma bactéria muito inteligente!", comenta o ator.

A cardiologista Cynthia Magalhães alertou: "A principal forma de prevenção do endocardite é o cuidado com a boca, com os dentes. Lavar as mãos então, é fundamental. É uma doença muito séria, muito agressiva, e tem que ser lembrada sempre", concluiu a médica.

"Você ficou mais cuidadoso?", perguntou Renata Vasconcelos. "Muito mais", respondeu Tatá. "Qualquer coisa que eu faço agora eu lavo a mão. Ficou um trauma na minha cabeça. Eu emagreci quase 15kg num período muito curto de tempo!". Durante a crise, o ator perdeu a voz e a audição.

"O médico me deixava pelo menos assistir "Jóia Rara" (na qual o ator vive Apolônio, o avô de Pérola). "Eu assistia sem som, e ficava imaginando: nossa, eu tava fazendo essa novela!".

"Você achou que fosse morrer?", perguntou a apresentadora do "Fantástico". "Todos os dias", respondeu Tatá. "Mas todos os dias pela manhã chegavam recados dos colegas, do pessoal do trabalho, parentes, amigos... todos te dando força...aí você pensa: acho que vou sair dessa!", confidencia o ator.

E logo após a alta do hospital, a volta ao trabalho. "Eu achava que não ia voltar. Imagina a minha alegria quando cheguei no estúdio e fui recebido pelo elenco com uma grande festa, com bolo e flores!". "Que bom que você voltou! Essa novela não estava sendo a mesma sem você!", afirma Amora Mautner, diretora de "Jóia Rara".

"Tatá, meu mestre! É muito bom te ter de volta...você sabe que a gente sentiu muito a sua falta", declarou Domingos Montagner, o ativista Mundo na trama. "Vovô, fofucho! Você foi uma felicidade pra todo o mundo, não foi só pra mim. Então, boas vindas! Beijos", foi o depoimento da pequena Mel Maia, a Pérola de "Jóia Rara".

Poucos dias depois de deixar o hospital nasceu a primeira neta de Luis Gustavo.

"Se você pudesse dar um recado para ela levar para a vida inteira, o que você diria a ela?", perguntou Renata Vasconcelos. "Fazer o que ela gosta", respondeu Tatá. "Solta...deixa as pessoas serem o que elas gostam de ser. Tem que ser como eu: eu faço o que gosto de fazer, que é ser ator".

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"