A atriz que deu vida à folgada Gigi de "Amor à Vida" (Globo), Françoise Forton, volta aos palcos paulistanos com o espetáculo "Nós Sempre Teremos Paris", de Artur Xexéo.

A peça, que já viajou o país, chegou à São Paulo nesta sexta-feira (14) sendo contemplada com uma casa cheia e muito receptiva.

No roteiro, simples e charmoso, um homem e uma mulher se encontram em um daqueles deliciosos cafés de Paris e sentem uma mágica que deixarão escapar por puro descuido e que, vinte anos depois, tentarão quase em vão recuperar.

No desenrolar da história, encantadoras canções francesas dos anos 60, em sua maioria, são cantadas pelo casal de atores, acompanhados por uma suave e competente música ao vivo.

Aloisio de Abreu é o rapaz que pensa ter encontrado a mulher de sua vida e a deixa escapar. Ele narra a sua versão da história com naturalidade e desenvoltura e, principalmente, canta muito bem as clássicas canções com um belo acento francês.

Françoise Forton ataca de Françoise Hardy e relembra um de seus maiores sucessos da época: "Tous Les Garçons et Les Filles" (1962). Sem o francês castiço, nem a musicalidade serena de Hardy, Forton ganha na empatia com a plateia que conquista desde a sua entrada em cena com ares de menina moça.

A cenografia é despojada. Talvez um pouco despojada demais para um espaço tão amplo como o palco do Teatro Raul Cortez (SP). Com um cenário mais completo e uma luz mais aconchegante, o espetáculo certamente ganharia muito.

Fica-se com a excelente escolha do repertório das sempre românticas e deliciosas canções francesas: "La Vie En Rose" (Edith Piaf) , "C'est Si Bon" (Eartha Kitt), "Et Maintenant" (Gilbert Bécaud), "Non, Je Ne Regrette Rien" (Edith Piaf). Sylvie Vartan, Alain Barrière, Maurice Chevalier e Charles Aznavour também são lembrados no espetáculo.

Leve, gracioso e com todo o charme que a canção francesa carrega consigo, "Nós Sempre Teremos Paris" é um espetáculo despretensioso e de bom gosto, que dá a oportunidade de entrarmos em contato com glamurosas canções francesas, a bela voz de Aloisio de Abreu e toda a graça e o carisma de uma Françoise Forton em plena forma. Tudo isso sob a direção da experiente Jacqueline Laurence.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"