"Marley e eu", uma lição de amor incondicional
O "Cinema Especial" (Rede Globo) de ontem levou ao ar um filme de grande sucesso: uma linda história de amor, carinho e respeito entre Homem e Animal. O filme, que todo o mundo já tinha visto menos eu, foi baseado no best seller "Marley and Me: Life and Love With The Word's Worst Dog". Simplificado para "Marley e eu", o filme mostra fatos reais narrados em primeira pessoa pelo jornalista norte-americano John Grogan.
A história é singela e absolutamente comovente. Mostra o quanto Marley, um belo cão labrador, transforma a vida do jovem casal e lhes possibilita conhecer de perto o que vem a ser companheirismo e o chamado 'amor incondicional'. Claro que não é necessário retomarmos a história na íntegra, mas sim tentarmos receber com humildade a essência que este exemplo de vida pode nos legar.
Em tempos de barbáries escancaradas na tela da televisão ou do computador, como garotos exibindo gatos enforcados (benza, Deus!) e esse recente episódio tenebroso do cachorrinho espancado até a morte, assistir a "Marley e eu" pode servir sim como uma espécie de bálsamo e de crédito no ser humano.
A importância de Marley na família de Grogan, atravessando as dificuldades de adaptação e os revezes naturais de toda a convivência, demonstra com simplicidade, mas muita profundidade, o quanto um cão pode nos 'humanizar'. E isso, é claro, é extensivo a todo o animal doméstico.
"Será que Marley vai estar nos esperando", pergunta o irmão mais jovem. "Claro, ele sempre estará lá", responde o mais velho. "Como ele sabe que estamos chegando", retruca o pequeno. "Não sei... ele simplesmente sabe", conclui o outro. E quando eles chegam, lá está Marley no ponto, já fazendo muita festa em sua chegada.
O Natal está batendo à nossa porta. Muita correria para dar conta dos presentes, o que não deixa de ser uma demonstração de carinho bastante válida. Muita reflexão sobre temas humanitários nos parecem absolutamente oportunistas. Pois que pelo menos sejam 'oportunistas do Bem'!
Confesso que evitei ler o livro e ir ao cinema para assistir "Marley e eu". Amo os cães e sabia que ia me emocionar demais. Sete anos atrás perdi um amigão bem no estilo "Marley". Como muitos que já passaram por isso, sei bem como é conviver quinze anos com um cão (Arthur, um fox terrier) e vê-lo morrer de velhice no colo, sem poder fazer absolutamente nada para evitar. Ontem não escapei. Assisti ao filme até o fim. Precisei abraçar bem forte o amado cão atual (Tenzin, lhasa-apso) para ter certeza de que ele estava ali e estava bem.
"Ele nos amava todos os dias, de qualquer maneira...", diz Grogan ao referir-se ao grande amigo Marley. O enterro do cão querido no quintal da casa, no final do filme, é infinitamente triste, mas carregado de uma imensa gratidão ao puro amor recebido do companheiro que se foi. A declaração de cada criança, com cartinhas de despedida, da esposa Jenny (Jennifer Aniston) e do próprio Grogan, numa excelente interpretação de Owen Wilson, encerram com chave de ouro uma lição de um amor incondicional.
Já li em algum livro esotérico que os animais em geral, mas especialmente os cães, são anjos que Deus pôs na Terra para ajudar os Homens a serem melhores. A imagem é linda e tem tudo para ser verdadeira.
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