Renato Kramer

Gianecchini: quando o Belo mostra que é Fera!

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Assim como o ator Reynaldo Gianecchini virou para a sua mãe e disse: "Mãe, eu não tenho isso, não!", ao saber do diagnóstico do câncer --milhões de brasileiros, também perplexos, não acreditaram. É uma questão até leviana, mas arraigada e cultural, pensarmos que uma pessoa jovem, com uma aparência radiante, 'vendendo saúde', jamais vai aparecer com uma doença tão grave assim, do nada.

A questão da morte faz você valorizar o presente, diz Gianecchini

A primeira reação é a negação. Depois, com a confirmação do diagnóstico: "Bem, vamos lá, vamos enfrentar a coisa!" "Desde o início tive o pensamento muito positivo", declarou o ator. "Claro, tem momentos e momentos, mas se vem alguma coisa ruim, tem que reagir na hora e não se deixar abater".

O pai do ator, Reynaldo Cisoto Gianecchini, vinha lutando contra um câncer no sistema digestivo já há algum tempo e veio a falecer no dia 17 de outubro último. Espiritualista, o que segundo o ator, o ajudava muito em seu processo, passou a Gianecchini alguns valores e rituais que, logo em seguida, o próprio ator fez uso. A 'operação espiritual' que, segundo a doutrina espírita kardecista, reúne espíritos elevados de grandes médicos (como Dr. Bezerra de Menezes, André Luiz e tantos outros), e, no momento marcado e com o devido preparo, é então realizada no Plano Espiritual.

"Você sentiu alguma reação física após a operação espiritual?", perguntou Patrícia Poeta que o entrevistava para o "Fantástico" (Rede Globo) - com a exata medida da delicadeza e do carinho que a situação exigia. "Com a operação espiritual não senti nada físico. Eu senti foi muita força!", confessou Gianecchini.

Casualmente, mais tarde no "Canal Livre"(Band) o convidado era o coordenador do Centro de Oncologia do Hospital Sírio Libanês (SP), Artur Katz - um dos médicos responsáveis pelo tratamento do ex-presidente Lula. Hospital, aliás, onde o próprio Gianecchini está fazendo o seu tratamento.

E Artur Katz foi muito claro ao responder questões sobre o que pode haver de positivo ou negativo nesses procedimentos considerados 'alternativos' durante o tratamento do câncer. Segundo Katz, nada poderá haver de negativo, desde que nunca seja um tratamento substitutivo. Isto é, nunca se deve deixar de fazer o tratamento da medicina formal, definido pela junta médica responsável pelo caso. Quanto aos complementares, que podem ser diversos, em geral fazem muito bem para o paciente - no mínimo lhes trazem melhores condições psicológicas e uma maior tranqüilidade para enfrentar todo o difícil processo.

Gianecchini, quimioterapia realizada, deverá fazer o "autotransplante de medula óssea" já em dezembro próximo. "Você está preparado?", perguntou Patrícia Poeta com uma voz suave, comovida. O belo ator abriu aquele grande sorriso que encanta multidões e respondeu, cheio de energia: "Eu me sinto curado, já!".

Conheço o ator Reynaldo Gianecchini apenas pelos seus trabalhos na televisão, nos quais vem visivelmente crescendo como profissional. Ao saber da notícia de sua doença, estremeci. Só quem já recebeu esse diagnóstico conhece a sensação real de 'perder o chão'. O meu foi há seis anos, na próstata, e está sob controle (é o máximo que os médicos dizem!). Queria de alguma forma, embora nem o conhecesse pessoalmente, ajudá-lo a minimizar todo aquele medo que ele deveria estar sentindo, o mesmo que passei. E o medo, nesse momento, é o maior inimigo.

Além de tudo, moro a duas quadras do Sírio Libanês --da minha janela via o hospital e ficava me cobrando: mas eu não vou fazer nada?! Foi quando peguei uma pequena imagem de Nossa Senhora, com o Menino Jesus no colo (em forma de oratório), que tinha sido da minha mãe e que havia me ajudado tanto em meu processo de superação. Com a cara e a coragem, fui até a recepcção do 'Sírio' e pedi para a recepcionista entregar a imagem embrulhadinha para o Gianecchini, que eu tinha certeza de que ela ia ajudá-lo.

Claro que, com tanto agrado e carinhos ("Eu não imaginava que era tão querido pelo Brasil"), provavelmente a pequena imagem nem tenha chegado até ele. Mas voltei para casa com uma sensação boa, de paz. "Agora, Nossa Senhora vai cuidar dele!".

Crédito: Zé Paulo Cardeal/TV Globo Patrícia Poeta entrevistou o ator Reynaldo Gianecchini para o "Fantástico"
Patrícia Poeta entrevistou o ator Reynaldo Gianecchini para o "Fantástico"

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas Notícias