"Aparecer sem glamour é mais apetitoso", diz Scarlett Johansson
Encontro Scarlett Johansson numa suíte do hotel cinco estrelas Ritz-Carlton. Ela ainda está com o cabelo ruivo que manteve por mais de seis meses, por conta do filme "The Avengers - Os Vingadores", em que interpreta a superheroína Viúva Negra, e diz que está exausta e cheia de hematomas na perna por conta das cenas de luta.
Scarlett revela que troca esporadicamente e-mails com o presidente Barack Obama (ela é uma das atrizes de Hollywood que, de fato, ajudou bastante na campanha de eleição dele) e conta que está terminando de escrever o roteiro da adaptação do livro "Travessia de Verão", de Truman Capote, que ela pretende dirigir no ano que vem.
Nosso encontro é para falar do filme "Compramos um Zoológico", que estreia simultâneamente hoje no Brasil e nos Estados Unidos.
No filme, Scarlett interpreta uma funcionária de um problemático zoológico particular que é comprado por um jornalista viúvo (Matt Damon) que decidiu abandonar a carreira para cuidar dos dois filhos.
Dirigido por Cameron Crowe, o ex-repórter da revista americana Rolling Stone, a trilha sonora é assinada por Jónsi, o líder da banda islandesa Sigur Rós. Abaixo trechos da entrevista:
F5- Como descreve trabalhar com Cameron Crowe?
Scarlett Johansson - Desde os 15 anos de idade que comecei a fazer testes ou vinha me encontrando com o Cameron para diferentes projetos. Alguns acabaram não rolando, outros foram para outras atrizes.
Cameron é um cineasta extremamente perceptivo. Ele presta atenção nas mais intuitivas reações de um ator, como, por exemplo, colocar as mãos na cintura. Depois ele vem comentar, dias depois, querendo saber o porquê de você ter escolhido aquele gesto. Às vezes nem me lembrava mais, e ele tinha que me mostrar a cena novamente para eu saber do que estava falando.
Ele também encoraja muito, incentivando a conversa improvisada. Ele adora colocar música no set, enquanto filma. É um ambiente bem descontraído, bastante criativo. No começo, achei que não ia funcionar comigo, que a música seria uma distração. Mas adorei o resultado.
F5 -Para colocar Matt Damon no espírito do filme, Cameron Crowe deu a ele uma compilação musical no começo das filmagens. Você também ganhou uma?
SJ - Não. Na verdade, eu fiz uma compilação para o Cameron. Tinha um monte de coisa do Iron and Wine, Nick Cave, Neil Young, Cocteau Twins e This Mortal Coil.
F5 - E Matt Damon, que tipo de ator ele é?
SJ - Um fofo. Um cara família, doce, mas muito engraçado também. Sempre fui fã do trabalho dele. Acho as atuações de Matt sempre sólidas. Quando o encontrei, fiquei surpresa pelo fato de ele ser absurdamente um palhaço.
A gente ria muito, o que era bom, pois ambos também estávamos no meio de um treinamento físico complexo para os filmes que faríamos em seguida, ambos de ação. A gente chegava no set morrendo de sono, grogue, com hematomas e de mau humor. Matt e eu fazíamos tanta palhaçada, que o humor da gente mudava.
F5 - O próximo filme que você se refere é o "The Avengers - Os Vingadores", de Joss Whedon, no qual interpreta a superheroína Viúva Negra. Como compara fazer um filme com tão pouca maquiagem como no caso de Compramos um "Zoológico" com "The Avengers", no qual sua aparência física é mais rebuscada?
SJ - Foi bastante libertário não ter que me preocupar com maquiagem. Cameron disse que minha personagem tinha que parecer a Jane Goodall (a famosa primatóloga inglesa). Depois de cinco semanas dentro de um macacão de látex, como aconteceu em "The Avengers", devo dizer que aparecer sem glamour é muito mais apetitoso. A pior parte do "The Avengers" foi rodar as cenas de lutas por tanto tempo.
F5 - Em "Compramos um Zoológico" você contracena com vários animais. Como foi atuar com tigres e macacos?
SJ - A macaca era a mais bem comportada no set. Uma fofa. O nome dela é Crystal, uma estrela internacional, uma diva. Você deve conhecê-la do filme "Se Beber Não Case 2". Ela adora Nutella (risos).
F5 - Qual é sua relação com animais?
SJ - Sempre amei os animais. Tive todos os tipos de répteis, cachorros e gatos quando garota. Agora tenho um chihuahua. O nome dela é Maggie, e eu a chamo de cadela comunitária, pois ela passa de mão em mão, especialmente quando viajo e alguém tem que cuidar dela. Adoraria ter peixes, mas é tanto trabalho cuidar de animais, que desisti por ora.
F5 - Você poderá fazer sua estréia na direção em 2012. Quando começou a flertar com a ideia de rodar um filme como diretora?
SJ - Desde que fui escalada por Robert Redford em" O Encantador de Cavalos" que sabia que seria uma progressão natural para mim tentar o trabalho de diretora também. Sempre achei fascinante o trabalho de um diretor. Na verdade, tenho um leve pressentimento de que não ficarei aparecendo em frente das câmeras por muito tempo.
F5 - Como descreve sua rotina quando não está filmando?
SJ - Gosto da vida doméstica que tenho em Nova York. Tenho uma rotina bastante normal: acordo, vou fazer ginástica, almoço com amigos, vou ao cinema à tarde, leio bastante, escuto música, geralmente saio para a happy hour e acabo cozinhando alguma coisa para o jantar. Sou boa cozinheira. Também gosto de assistir TV no final da noite. Meus programas favoritos são os de competição culinária como o "Top Chef", ou os médicos em estilo reality show como o "Trauma: Life in the ER", que é bastante punk e sanguinolento. Fecho os olhos quando o sangue esguincha na sala de cirurgia (risos).
F5 - Você fez campanha para a eleição de Barack Obama, e já disse que continuará na ativa, o apoiando na campanha de reeleição. Como avalia o governo Obama, e você acha que ele tem chances de ser reeleito?
SJ - A administração Obama não tem sido fácil. Por um lado havia muita fé depositada em cima dele, como se ele fosse promover um milagre econômico, social e educacional em quatro anos. Algo um pouco ambicioso. Por um bom período de seu governo, Obama recebeu maus conselhos de seu círculo mais próximo. Adicione isso a grande e agressiva campanha contra ele perpetrada pela direita. Não ajuda também o fato de a grande imprensa desse país ser extremamente conservadora. Por vezes, eu me assusto com nossa mídia. Apesar dos altos e baixos, dos erros e acertos da administração Obama, acho que seria totalmente irresponsável não apoiá-lo para o segundo termo de sua presidência. Você tem assistido aos debates dos Republicanos? Parece um freak show. Só a Michelle Bachman já é o suficiente: ela é de arrepiar!
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