Desenhos da TV falam sobre os 99% e a crise econômica

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"Basta!" Em um editorial com manchete de primeira página, o jornal New York Post pede em sua edição de hoje que o prefeito de Nova York Michael Bloomberg retome a praça Zucotti, na Baixa Manhattan, palco do protesto Ocupe Wall Street, que já dura 48 dias, e "restaure a dignidade da cidade".

Trata-se de um "pedido" que vai gerar mais críticas (e protestos), mas nada é surpreendente para a linha editorial ultra-conservadora do jornal, que faz parte do conglomerado do magnata australiano Rupert Murdoch que, naturalmente, está na lista do 1% que os 99% protestam contra.

Jogando lenha na fogueira, o episódio de ontem à noite do desenho animado South Park colocou o barrigudinho e nada politicamente correto Cartman como representante do 1%. Os criadores do programa, Trey Parker e Matt Stone, não pouparam ninguém ou nenhum grupo. O presidente Barack Obama, negros, o Tea Party (Partido do Chá), a mídia liberal e o cineasta Michael Moore foram implacavelmente atacados.

O "drama" desenrola quando a escola de South Park fica em último lugar num programa nacional de forma física. Por causa da gordura de Cartman, os outros 99% do estudantes locais são punidos com mais exercícios físicos para elevar a média da escola no ano seguinte. O diretor prefere não apontar o nome do "gordo filho da puta" que abaixou a média física dos estudantes. Mas não demora muito para que os colegas comecem a culpar Cartman, o 1%.

Ofendido e deprimido, Cartman se tranca em seu quarto e vai chorar ao lado de seus bichinhos de pelúcia com nomes como Polly Prissypants (uma boneca de pano) e Muscle Man Marc (uma boneca Ken). É o ursinho de pelúcia Peter Panda quem tenta tirar Cartman de sua depressão. "Não é sua culpa. Como eles podem te culpar por isso, se a culpa é claramente do presidente Obama?", diz o ursinho.

De volta á escola, Cartman decide enfrentar os 99%. "Em vez de ficar puto com o presidente negro, você ficam putos é comigo. Isso não é justo!" Cartman continua a ser marginalizado pelos colegas e, para piorar a situação, seus bichinhos de pelúcia começam a ser assassinados. Ele acredita de que se trata da ação dos 99%. Cartman, então, procura refúgio na casa de um amigo negro da escola. "Nos tempos de hoje, os negros são incapazes de fazer qualquer coisa errada", é a explicação que Cartman dá à mãe ao se mudar de casa.

Dois manifestantes do grupo dos 99% decidem tomar a frente de uma lanchonete de fast food para protestar contra o 1%. O circo é armado na cidade. Quarteirões e mais quarteirões ao redor do fast food são tomados por jornalistas, policiais e bombeiros e por fãs do roqueiro Bon Jovi, que decide se apresentar no local. O movimento cresce para quatro manifestantes, quando o grupo dos 83%, que representa os alunos da terça série, começa a protestar contra os 16% que representam a quarta série, da qual Cartman faz parte. Mais pandemônio da mídia e uma visitinha do cineasta Michael Moore.

Com pouco tempo necessário para serem produzidos, os desenhos animados da TV vêm cada vez mais disparando farpas contra a situação econômica dos Estados Unidos. No novíssimo desenho Allen Gregory, do canal Fox, o ator Jonah Hill dá voz ao arrogante personagem-título, um garoto rico que precisa começar a frequentar a escola pública (ao lado da irmã adotiva vinda do Cambodja) depois que seus pais, um casal gay, perde todo o dinheiro por causa da "economia em frangalhos". Já em Good Vibes, nova série animada da MTV e desenvolvida pelo cineasta David Gordon Green, um garoto gordinho e surfista se muda com a espalhafatosa mãe de Nova Jerséi para a Califórnia por causa da recessão. A mãe vai começar um novo emprego numa cidade praiana, mas, ao chegar ao local, descobre que o escritório fechou por causa da "má economia", e ela precisa trabalhar como garçonete.

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