Paulista faz história como a 1ª mulher com mais de 50 anos a disputar o Miss Brasil

Após ser anunciada como a representante de Rondônia na seletiva que elege a representante do Brasil no Miss Universo 2025, a modelo Cristina Leite escreveu seu nome na história dos concursos de beleza. Isso porque ela, que tem 51 anos, se tornou a mulher mais velha a entrar na disputa da franquia até o momento.

Divorciada e mãe de três filhas (uma de 19 e duas gêmeas de 13 anos), ela também é a primeira mulher de cabelos grisalhos a entrar na seletiva do Miss Universe Brasil. "No começo minhas filhas estranharam um pouco. Mas, quando entenderam a importância do que estou fazendo, foi só orgulho. Elas dizem: ‘Olha minha mãe!’", conta ela, com a voz embargada, em entrevista à coluna.

"As pessoas me param para dizer que se sentem representadas. Até mães de outras candidatas vieram me apoiar. Isso mostra que estamos no caminho certo", adiciona.

Natural de Campinas, no interior de São Paulo, Cris (como gosta de ser chamada) tem 1,73 m de altura, é modelo, atriz e cirurgiã dentista. Em suas redes sociais, ela publica conteúdo sobre a promoção de mulheres de sua faixa etária no mercado de trabalho.

A decisão de participar do concurso não veio apenas pelo desejo pessoal, mas pela oportunidade de amplificar essa voz. "Estou aqui para abrir portas. Não só para mulheres da minha idade, mas para as mais novas também, que um dia chegarão aos 50 e encontrarão um cenário diferente, mais inclusivo", conta.

Odontóloga por 25 anos, Cristina sempre teve paixão pelas artes e pela moda. No entanto, uma imposição familiar a levou a seguir a carreira na área da saúde. "Meu pai não me deixava continuar. Eu queria atuar, modelar, cantar, mas ele queria que eu fosse dentista. Acabei seguindo esse caminho e fui muito feliz, mas sempre ficou aquela sensação de algo inacabado", afirma.

O renascimento veio de forma inesperada. Um grave acidente a deixou em coma, com 11 fraturas no crânio. "Fiquei um mês no hospital, precisei reaprender a andar. Era cadeira de rodas, depois muletas, depois bengala. Foi um processo longo, mas Deus me deu uma segunda chance. E eu pensei: se eu renasci, preciso fazer valer essa nova vida". Foi assim que ela decidiu retomar o sonho adormecido e voltar ao mundo da moda e da arte.

Cristina também é idealizadora do manifesto "Nós Não Somos Invisíveis", que defende maior representatividade para mulheres 50+ no mercado da moda e da publicidade. "O consumidor maduro precisa ser visto. Não faz sentido uma jovem de 25 anos fazer propaganda de um creme anti-idade. As mulheres 50+, 60+, 70+ têm beleza, têm poder de consumo e querem se ver representadas."

Sobre a experiência no concurso, Cristina não esconde a emoção. "É meu primeiro Miss, mas me sinto coroada só de estar aqui. Fui recebida com tanto carinho pela organização e pelas outras candidatas. Está sendo impecável".

Ela está no grupo de 24 candidatas que disputam a coroa deste ano, valendo vaga para o Miss Universo 2025. A final da etapa nacional será na noite de quinta (13), em Alphaville, na região metropolitana da capital paulista.

Independente do resultado final, Cristina já é um nome marcante na história do Miss Brasil. Seu legado está firmado como uma voz potente na luta pela diversidade etária, mostrando que beleza não tem prazo de validade. "Eu renasci para isso. E quero ajudar outras mulheres a se enxergarem de novo."

LULU OLIVEIRA

Vale lembrar que, antes de Cristina, a mulher mais velha a disputar o Miss Universo Brasil era a designer de balões Lulu Oliveira, de 42 anos, que defendeu Mato Grosso do Sul na edição 2024.

A candidatura dela e de Cris Leite só foi possível após a mudança da regra de idade anunciada em setembro de 2023 pela organização do Miss Universo, que prega o fim dos limites de idade para participar do concurso.

A novidade é histórica, uma vez que isso nunca havia ocorrido em mais de 70 anos de existência da competição, criada em 1952, e passou a valer a partir de janeiro de 2024. Antes disso, só podiam estar na competição misses entre 18 e 28 anos.