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Zapping - Cristina Padiglione
Descrição de chapéu Boate Kiss

Atores da série sobre a boate Kiss só agora puderam abraçar os pais que viveram a tragédia

Elenco de 'Todo Dia a Mesma Noite' relata emoção do 1º encontro com personagens reais; produção evitou contato antes das gravações

Débora Lamm e Ligi
A atriz Debora Lamm abraça Ligi, mãe representada por ela na série 'Todo Dia a Mesma Noite', sobre a tragédia na Boate Kiss, em produção para a Netflix - @deboralamm no Instagram
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São Paulo

A equipe de criação e produção da série "Todo Dia a Mesma Noite", que reproduz, por meio da dramaturgia, a tragédia da boate Kiss, teve o cuidado de evitar que atores do elenco se encontrassem com os pais da vida real retratados por eles na tela, antes do fim das gravações. Havia a preocupação de que esse contato afetasse as emoções e o resultado do trabalho de preparação do cast.

O primeiro abraço entre intérpretes e as pessoas representadas por eles só aconteceu na semana anterior à estreia do título na Netflix, quando a série foi previamente apresentada aos pais de verdade, sob grande emoção de atores e personagens reais.

Alguns deles postaram imagens em suas páginas no Instagram, caso de Thelmo Fernandes e Debora Lamm, que vivem um dos casais protagonistas do enredo baseado no livro homônimo de Daniela Arbex.

"Estive em Santa Maria e finalmente pude abraçar a mulher que me inspirou, me fortaleceu e encorajou nos últimos meses", disse Debora Lamm. "Conheci ainda mais de perto alguns dos personagens afetados diretamente por essa tragédia que, há exatos 10 anos, lutam por justiça e pelo combate à cultura da impunidade. Meu respeito profundo, meus queridos. O meu beijo hoje é da Ligi. Cheio de carinho e muita admiração. Que sua força reverbere e que a justiça seja feita. Para que não se repita."

Na terça-feira (24), em entrevista ao podcast Splash Vê TV, no UOL, Daniela também contou sobre o encontro. "Esse contato aconteceu só no final, acho que isso foi muito acertado, é óbvio que os pais estavam numa grande ansiedade pra conhecer esses atores e estreitar essa relação, eu sempre fui a ponte entre as famílias e a produção da série", contou a escritora.

"Foi maravilhoso quando eles puderam se encontrar e se abraçar, porque a gente está falando de gente, nós somos humanos, esse contato, essa troca foi incrível. E aí a gente viu que tinha mais coisas em comum entre eles do que a gente pudesse imaginar", continua.

Segundo ela, Thelmo Fernandes ficou especialmente emocionado por ter tantos elementos em comum com Flávio, o pai interpretado por ele na série. "Foi muito potente. Foi um dos dias mais inesquecíveis da minha vida ver esses universos se encontrando e essa homenagem a que série se presta, de ser ser um memorial de afetos. Eu estava muito ansiosa pra que esse encontro acontecesse."

"'Todo Dia a Mesma Noite', um trabalho que me é muito caro em todos os sentidos", endossou Thelmo em sua publicação no Instagram. "Compartilho com vocês a emocionante visita que fizemos a Santa Maria no último final de semana, onde tivemos a oportunidade de conhecer alguns dos personagens que foram afetados direta ou indiretamente por esta tragédia absurda. Pessoas maravilhosas que buscam incessantemente por justiça. Espero que este trabalho contribua imensamente para dar voz e estímulo para que esta luta não cesse enquanto a justiça não for alcançada."

Em cinco episódios, "Todo Dia a Mesma Noite" retrata um grupo de pais que perderam seus filhos no incêndio da Boate Kiss, ocorrido em Santa Maria (RS), que matou 242 pessoas, a maioria com menos de 30 anos. A tragédia completou dez anos esta semana, sem punição efetiva a ninguém até agora.

A direção é de Julia Rezende e o resultado apresenta um relato sensível, respeitoso às famílias e impressionante, pela irresponsabilidade não assumida por autoridades públicas e pela morosidade da Justiça no Brasil. Vale a pena ver.

O GloboPlay também lançou série sobre a Boate Kiss, igualmente em cinco episódios, mas em caráter documental, sob direção do repórter gaúcho Marcelo Canellas, que cobriu o caso.

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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