Cinema e Séries

Porchat, ateu interessado em religiões, diz não se incomodar com críticos ao Especial de Natal

'Tem gente que não gosta, mas virou uma tradição'

Cena do especial de Natal do Porta dos Fundos "A Primeira Tentação de Cristo"
Cena do especial de Natal do Porta dos Fundos "A Primeira Tentação de Cristo" - Divulgação
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Em meados de abril, Fábio Porchat, 36, já começa a pensar no tradicional e aguardado Especial de Natal do Porta dos Fundos. O deste ano chamado de  "A Primeira Tentação de Cristo", já está disponível na Netflix e não demorou para receber críticas de religiosos.   

Curioso e ateu praticante, como ele mesmo define, Porchat já visitou igrejas evangélicas, centros de umbanda e lê bastante sobre religiões, conteúdo que ele sempre usou para criar os vídeos do canal de humor. "Sempre achei fascinante a ideia de que as pessoas acreditam em algo que não existe, de guiarem a vida delas em cima do que elas acreditam e não pelo que elas sabem", reflete o ator e roteirista.

Desde 2013, o canal Porta dos Fundos lança vídeos curtos humorísticos inspirados na história da Bíblia na época do Natal. Desde o início, houve protestos de grupos religiosos contra a forma como Jesus era retratado nesses esquetes. Mesmo assim, o sucesso do Youtube se transformou em um projeto maior, em parceria com a Netflix.  O primeiro, no ano passado, "Se Beber, Não Ceie", venceu Emmy Internacional como melhor comédia do ano.

A reclamação de críticos começou pouco depois do lançamento. Um abaixo-assinado liderado por evangélicos está pedindo a censura do filme pela história levantar a possibilidade de que Jesus (Gregório Duvivier) seja gay. Com a meta de chegar a 1 milhão de assinaturas, a página já recrutou mais de 900 mil simpatizantes nesta quinta-feira (12). O texto pede "o impedimento do filme de Natal da Netflix e Porta dos Fundos, por ofender gravemente os cristãos." 

No entanto, o a onda de críticas foi diminuindo, na visão de Porchat. "No início, ninguém fazia isso, mas quando eu veio Porta do Fundo e falamos de racismo, machismo, religião, politica, as pessoas tomaram um susto inicial. Então, os primeiros vídeos causaram furor, agora já entrou no inconsciente de que o Porta faz esse tipo de vídeo. Tem gente que não gosta, mas virou uma tradição", avalia o humorista.

Na história de " A Primeira Tentação de Cristo", Jesus ganha uma festa surpresa por seus 30 anos, quando Maria e José precisam revelar que ele foi só adotado por eles. "Jesus chega na festa depois de 40 dias no deserto junto com Orlando, um rapaz pouco afeminado e que eles fizeram uma amizade muito profunda. Tem o Tio Vitório que é Deus", explica Porchat, sobre o filme. 

Para o humorista, o papel deles é apenas fazer uma boa comédia. "As pessoas ficam com raiva por ter mexido com o que elas acreditam e comentam coisas do tipo, 'quero ver se vocês terão coragem de brincar com Alá e com Maomé', e a gente fala deles também, não há problema algum. O cara quer ver a piada, ele pede, mas como ele não tem coragem de fazer, a gente faz."

Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, afirmou no Twitter que o filme do Porta dos Fundos "ataca a fé cristã" por mostrar "Jesus namorando um homem, fazendo festas com prostitutas e se recusando a pregar a palavra de Deus". Ao narrar a história completa do especial, o ator Gregório Duvivier respondeu ironicamente ao deputado federal. "Caramba, tá todo o mundo assistindo mes-mo!"

Porchat também se pronunciou pelo Twitter para acalmar os críticos.  "Gente, pode deixar que eu me resolvo com Deus, tá de boas, não precisa se preocupar não. Agora pode voltar a se indignar com a desigualdade que destrói nosso país. Mas tem que se indignar com o mesmo fervor, tá?"

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem