Celebridades

Após 7 anos, Bruno Mazzeo volta a SP com peça sobre homens viciados

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Cínicos, malucos, irresponsáveis e hipócritas: esses são os perfis dos personagens da peça "Sexo, Drogas e Rock'n'Roll", que Bruno Mazzeo estreia no Theatro Net na quarta (5) e fica em temporada em novembro.

No monólogo, o artista faz uso de apenas alguns objetos (como óculos, garrafa de cerveja e telefone) para mudar de figuras: ele vive um sem-teto, um rockstar narcisista, um poderoso empresário, um milionário consumista, um garoto alucinado e um artista em crise.

As histórias são como pequenas crônicas da sociedade moderna, que mesclam humor e críticas profundas sobre, por exemplo, pessoas viciadas não só em drogas, mas sobretudo em poder e dinheiro.


"Estou ansioso para ter esse encontro com os paulistas através desse texto", diz Mazzeo, que estreou a montagem no Rio de Janeiro em 2013. Escrita pelo norte-americano Eric Bogosian, a peça foi destaque no circuito off-Broadway e conta com Beatles, Deep Purple, Led Zeppelin e Rolling Stones no repertório. Aqui, a direção é de Victor Garcia Peralta.

Mazzeo conta que a peça surgiu num momento de reavaliação de sua vida, durante o crescimento do filho e após a perda do pai, Chico Anysio. "O desafio de estar sozinho no palco, fazer um texto de um cara que vive numa realidade diferente, o mergulho que foi todo o processo, eu precisava dessa sacudida."

A última vez que o artista esteve em cartaz com uma peça em São Paulo foi com "Enfim, Nós", em 2007. A comédia romântica também tinha Fernanda Rodrigues no elenco e cumpriu temporada no Teatro Folha.

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LEIA ENTREVISTA COM BRUNO MAZZEO

Você já disse que a peça pode gerar mais identificação aqui em São Paulo do que no Rio. Por quê? São Paulo é mais rock?
Bruno Mazzeo - Sim, São Paulo é mais rock. No Rio é o rock de bermudas, lembra? No Rio era Blitz, em Sampa, Ira!. A peça foi escrita por um nova-iorquino, tem uma pegada bem urbana. Apesar de achar que as figuras ali representadas são universais —lá no mais profundo, o homem daqui não é muito diferente do da Cochinchina. Estou realmente ansioso para ter esse encontro com os paulistas através desse texto.

A peça fala sobre homens de excessos, de vários tipos. Você se identifica com algum deles?
Às vezes acho que sim, outras não, minha visão varia muito, talvez porque os excessos também [risos]. As pessoas normalmente enxergam neles pessoas próximas. Mas essa percepção varia de pessoa pra pessoa. Já ouvi, numa mesma noite, me falarem sobre o mesmo personagem: "Parece meu chefe", "parece meu marido" e "eu sou aquele!". Particularmente, me toca muito o último texto, "O Artista". Talvez tenha sido por causa dele que eu resolvi montar essa peça.

Li que na época você se identificou com o texto porque passava por crises pessoais —e a peça abordava alguns desses pontos— e que encenar isso funcionou como uma análise. Hoje em dia as crises continuam? São outras?
Não sei se exatamente "crises pessoais", mas estava passando por um momento, digamos, de reavaliação. Como se eu quisesse sair da realidade pra olhá-la de fora. Meu filho crescendo, a questão do "educar", cada vez mais difícil hoje em dia, a perda do meu pai, e eu vindo de um momento de muita exposição, num mundo cada vez mais rápido, onde as coisas vão se atropelando, os valores estão confusos.

Fazer a peça teve a ver não só pelos temas, mas pelo desafio em si, o estar sozinho no palco, fazer um texto de um cara que vive numa realidade diferente da nossa, tentar entender esse olhar, o mergulho que foi todo o processo, eu precisava dessa sacudida.

Voltar ao teatro seria importante pro meu crescimento, é onde eu sou obrigado a não esquecer um segundo sequer da minha essência. E eu tinha acabado de ler a biografia do Keith Richards, estava muito mexido com aquilo, tão fascinado que já estava lendo um outro livro chamado "O que Keith Richards Faria no Seu Lugar?", e de repente me cai na mão essa peça.

Trazido por pessoas muito próximas a mim, que sabiam o que eu tava sentindo e querendo. E eu lendo Keith Richards, um cara que é um mestre na arte de viver dentro do sistema sem deixar de ser ele mesmo, enfim, mais uma vez o rock'n'roll salvando minha vida.

Sua intenção é mexer com o público de qual forma? Fazer pensar?
Talvez seja pretensioso eu falar sobre "fazer pensar". O que não significa que isso não aconteça. Acho que o importante é comunicar. Eu queria falar esse texto. E cada pessoa recebe de um jeito. Tem gente que vem falar comigo que achou muito engraçado e ponto. Tem gente que vem falar mais profundamente. Já teve amigo (colegas de teatro, sobretudo) emocionado com o texto final, enfim. Prefiro pensar no Tom Zé, quando ele diz que "tá te explicando pra te confundir e tá te confundindo pra te esclarecer".

Quais bandas de rock você mais gosta? Costuma ir a shows?
Já fui muito. Sempre foi dos meus programas preferidos. Fui a Londres ano passado só para ver o show comemorativo de 50 anos dos Stones. Sou feliz por ter visto ao vivo Nirvana, Bob Dylan, Morrissey! E Legião! E Rita Lee! Talvez um dos mais marcantes tenha sido Paralamas e Titãs juntos no Hollywood Rock, na Apoteose, acho que em 92.

Mas hoje em dia tem que valer muito a pena pra eu encarar certas situações, multidão, filas, trânsito. Fora a ressaca que com o tempo fica cada vez maior e mais duradoura. Eu já nem fico mais de ressaca: fico doente. Lamentei muito quando morreu Lou Reed, era um dos que eu mais queria ver e achei que fosse conseguir, ele estava novo. Espero que o AC/DC me espere!

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