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As obras de Monet e Van Gogh retiradas de museu por suspeitas de terem sido saqueadas por nazistas

Um dos principais museus de arte da Suíça afirma que irá remover cinco pinturas de uma de suas exposições para investigação

Obras sob investigação em museu são de artistas consagrados como Claude Monet - Claude Monet via BBC News Brasil

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Kathryn Armstrong

Um dos principais museus de arte da Suíça afirma que irá remover cinco pinturas de uma das suas exposições enquanto investiga se as obras foram saqueadas por nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

As obras – parte de uma coleção do museu Kunsthaus Zürich – são de alguns dos artistas mais aclamados do mundo, incluindo Claude Monet e Vincent van Gogh.

As suspeitas sobre de onde vieram as obras da Coleção Emil Bührle são antigas. A coleção tem o nome de um traficante de armas nascido na Alemanha que fez fortuna durante a Segunda Guerra Mundial fabricando e vendendo armas aos nazistas.

Emil Bührle ficou rico vendendo armas aos nazistas - Getty Images via BBC News Brasil

A decisão de retirar as pinturas aconteceu após a publicação de novas orientações sobre o grande número de obras culturais que ainda não foram devolvidas às famílias de quem foram roubadas.

As obras que estão sob investigação são:

  • Jardim de Monet em Giverny, de Claude Monet
  • Retrato do escultor Louis-Joseph, de Gustave Courbet
  • Georges-Henri Manuel, de Henri de Toulouse-Lautrec
  • A Velha Torre, de Vincent van Gogh
  • A Estrada Ascendente, de Paul Gauguin

O conselho de fundação da Coleção Emil Bührle afirmou em comunicado estar "empenhado em buscar uma solução justa e equitativa para estas obras com os herdeiros legais dos antigos proprietários, seguindo as melhores práticas".

Uma sexta obra da coleção, La Sultane, de Edouard Manet, também foi submetida a um exame mais minucioso, mas a fundação disse não acreditar que novas diretrizes se aplicam a ela e que a pintura seria analisada separadamente.

"Devido às circunstâncias históricas gerais relacionadas com a venda, a Fundação está preparada para oferecer uma contribuição financeira ao espólio de Max Silberberg em respeito ao destino trágico do antigo proprietário", afirmou.

Silberberg foi um industrial judeu alemão cuja extensa coleção de arte foi vendida em leilões por nazistas. Acredita-se que ele foi assassinado no campo de extermínio nazista de Auschwitz durante o Holocausto.

De acordo com o jornal Neue Zürcher Zeitung, tem havido debate sobre se Silberberg foi forçado a vender La Sultane ou se o fez livremente por razões financeiras.

NOVA POLÍTICA PARA OBRAS SAQUEADAS

Mais de 20 países, incluindo a Suíça, concordaram no início deste ano com novas práticas propostas pelo Departamento de Estado dos EUA sobre como lidar com a arte saqueada pelos nazistas.

As novas práticas foram criadas para marcar o 25º aniversário dos Princípios da Conferência de Washington de 1998, que estabeleceram um conjunto de regras destinadas a fazer a restituição de itens que foram roubados ou vendidos à força.

Os princípios são um recurso importante para as famílias que procuram recuperar arte saqueada. Pela lei suíça, hoje não podem ser apresentadas quaisquer reivindicações legais de restituição ou compensação para obras da coleção Bührle devido a estatutos de prescrição.

Stuart Eizenstat, conselheiro especial do secretário de Estado dos EUA para questões do Holocausto, disse durante o anúncio das práticas em março que se estimava que "mais de 100 mil das 600 mil pinturas e muito mais dos milhões de livros, manuscritos, itens religiosos rituais, e outros bens culturais roubados nunca foram devolvidos".

Até sua morte em 1956, Bührle acumulou uma coleção de cerca de 600 obras de arte.

Um grande número delas é administrado pela Fundação Bührle e está em exibição na Kunsthaus como parte de um empréstimo de 20 anos.

O restante estaria nas casas dos parentes sobreviventes de Bührle.

Este texto foi originalmente publicado aqui.