Estou sendo traído(a)? Serviço ajuda desconfiados a testarem a fidelidade dos parceiros
Site permite procurar o tipo de pessoa por quem você acha que sua cara-metade se interessaria
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Caden Redmond, estudante universitário de West Palm Beach, Flórida, estava no TikTok em abril, flertando com uma mulher que vivia na América do Sul. Escrevendo a ela por mensagem direta, disse que nunca havia ido ao país dela, mas estava pensando em viajar em breve.
O papo estava indo muito bem. Caden perguntou se ela o levaria para conhecer a cidade quando ele chegasse; ela respondeu que seria ótimo. Ele a chamou de bonitinha, e ela lhe disse o mesmo. Em dado momento, ela disse que "não via a hora" de ele chegar.
Momentos depois, ele fez capturas de tela da conversa deles, bloqueou a conta da mulher e enviou as mensagens ao namorado dela. "Mandei uma mensagem para ele dizendo: ‘Ela disse que quer sair comigo’", contou Caden em entrevista telefônica. "Mandei capturas de tela e ele falou: ‘Ok, já basta, obrigado'."
Caden, 19 anos, foi contratado pelo homem para testar a lealdade da namorada dele, e ela, segundo ele, foi reprovada no teste, levando o namorado a terminar com ela. A armadilha foi combinada por meio do serviço Loyalty-Test, com o qual as pessoas podem contratar "testadores" para flertar online com sua cara-metade para ver se a pessoa reage à abordagem romântica ou se se mostra fiel.
Caden cobra US$ 100 (cerca de R$ 490) por teste. Desde que se cadastrou no site, na primavera do hemisfério norte, ele já fez cinco. Às vezes, basta uma troca de mensagens; outras vezes, são dois ou três dias de bate-papos online. Caden determina o que é incluído em seu honorário conforme cada caso. Ele disse que só testa mulheres, que não compartilha mensagens de teor sexual explícito, não compartilha informações particulares sobre seus clientes e não faria testes para alguém que conhecesse pessoalmente.
"Não tenho o objetivo de levar as pessoas a trair", disse Caden, que joga no time de futebol americano da Keiser University e é criador no TikTok e Instagram. "Só faço isso porque já fui traído e acho que, se uma pessoa quer saber, é bom que saiba por alguém que não vai realmente lhe roubar sua namorada."
"Isso faz parte do trabalho", ele acrescentou: "jamais levar a coisa mais adiante".
Desde que começou a funcionar, em janeiro, a Loyalty-Test já teve 30 testadores (como motoristas de Uber, eles estão livres para trabalhar com quantos clientes quiserem) e foi usado por cerca de mil clientes ansiosos que tinham dúvidas quanto à lealdade de seus parceiros, segundo o fundador do site, Brandan Balasingham, 27 anos.
Em um ecossistema caótico de namoro que se torna ainda mais imprevisível por sermos acessíveis facilmente a milhares de pessoas online, pode não surpreender que pessoas que sentem falta de confiança se sintam justificadas a recorrer a artimanhas baseadas na desonestidade, tudo em nome de proteger seus sentimentos.
"Nosso mercado de pretendentes ficou tão maior do que era antes", disse Balasingham. "Observei que isso aumenta um pouco a infidelidade das pessoas."
Para atrair testadores e clientes, Balasingham postou anúncios em sites de empregos como Indeed, Handshake e Backstage e procurou microinfluenciadores para promover o serviço. Ofereceu um abono de US$ 20 (quase R$ 100) para quem se registrasse como testador e publicou anúncios no Google com legendas do tipo "como posso testar meu marido?".
Não é preciso muito para ser aprovado como testador: uma conta de Instagram ativa (o testador não precisa usar seu nome real) e assinar um acordo comprometendo-se a respeitar os termos da Loyalty-Test.
"Quando o testador se registra, ele só precisa se comprometer com o sigilo", disse Balasingham: não revelar informações pessoais sobre clientes, incluindo nomes e locais precisos.
São principalmente mulheres que se inscrevem para fazer uso do serviço, mas também há um bom número de homens, segundo Balasingham. Os testadores podem definir seus próprios preços. Balasingham fica com 10% do valor de cada transação.
"Temos uma diversidade enorme de testadores", ele disse. "No site, você pode filtrar até encontrar o tipo de pessoa por quem seu parceiro ficaria interessado."
Outra testadora, uma mulher de 23 anos que vive em Jersey City, Nova Jersey, topou com o serviço pela primeira vez quando estava procurando online por maneiras de testar a lealdade de seu namorado. No final, ela não contratou um testador, mas, depois de terminar com o namorado, ela própria se tornou testadora.
"Eu quis saber mais sobre isso, porque sei por experiência própria como é ser traída", ela disse. "Se eu pudesse ajudar a testar os namorados de outras pessoas, para ver se também estavam traindo, eu não ficaria tão furiosa."
Ela, que exigiu anonimato para falar ("não é uma coisa que eu queira divulgar, mas quero fazer"), ela foi testadora no site por dois meses e então desativou seu perfil. Ela não queria que sua identidade real estivesse envolvida com o site, usando um "finsta", ou conta falsa no Instagram, para trabalhar.
Uma mulher lhe pediu para mandar uma mensagem ao namorado dela no Instagram para ver se ele responderia. Ela escreveu "oi, gatinho", e ele respondeu com cinco emojis de carinha vermelha e agitada e pediu o Snapchat dela. Como Caden, essa mulher fez capturas de tela da conversa, bloqueou o namorado e enviou as imagens à namorada dele.
Ela estimou que metade dos homens que testou reagiram demonstrando interesse. Ela fez 40 testes de lealdade, cobrando US$ 50 a US$ 60 (de R$ 245 a R$ 300, aproximadamente) para começar. Quando estava fazendo testes regularmente, ela ganhava algumas centenas de dólares por semana, em média, tendo recebido quase US$ 500 (quase R$ 2.500) em uma semana.
Outra mulher queria que ela testasse seu namorado pessoalmente, mas ela se negou, por questão de segurança. Ainda outra mulher lhe mandou uma mensagem pedindo que escrevesse algo "realmente específico" e explícito ao namorado dela.
"Então mandei", ela disse. "Foi uma coisa muito sexual."
Ele mandou uma mensagem de volta. Ela transmitiu a mensagem à namorada, que respondeu: "Eu sabia!".
Ela disse que voltaria a fazer testes futuramente, mas admitiu que às vezes se sente mal. "Sempre que você mente a alguém, seja quem for, você sente alguma culpa por isso, apesar de eu achar que estou mentindo pelos motivos certos", ela disse.
"Mas não me arrependo, porque já pude ajudar um monte de gente", ela disse. "Sempre haverá prós e contras, mas acho que para mim os prós estão pesando mais que os contras."
Tradução de Clara Allain