Coreógrafo ataca jornalista com excremento de cachorro em teatro na Alemanha
Marco Goecke, diretor de balé, estava descontente com a profissional por causa de uma de suas matérias
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Uma jornalista de um grande diário alemão foi atacada com excremento de cachorro pelo diretor do balé da Ópera de Hanover, no norte da Alemanha, confirmaram nesta segunda-feira (13) o jornal, a polícia e a companhia de dança. O ataque se deu dentro do teatro, na estreia do espetáculo.
"Sábado à noite, paralelamente à estreia do balé 'Glaube - Liebe - Hoffnung' (Fé - amor - esperança, em tradução livre) na Ópera de Hanover (norte), ocorreu um incidente repugnante", descreve o jornal FAZ (Frankfurter Allgemeine Zeitung), em um fórum em seu site.
"Durante o intervalo, o diretor do balé de Hannover, Marco Goecke, atacou —primeiro verbalmente e depois fisicamente— a nossa crítica de dança, Wiebke Hüster", escreveu ele.
"No hall do teatro, Goecke, de 50 anos, plantou-se à frente da nossa crítica —que até então ele não conhecia pessoalmente— para lhe perguntar o que fazia na estreia", continua o jornal.
Aparentemente descontente com um de seus artigos precedentes, "primeiro ameaçou proibi-la de entrar, depois acusou-a de ser a responsável pelos cancelamentos de assinaturas para os espetáculos do teatro de Hanover", continua o jornal.
Descontrolado, "tirou um saco de papel cheio de excrementos de animal e passou o conteúdo na cara da nossa crítica", acrescenta o jornal, reconhecido pela sua seriedade.
Uma porta-voz da polícia de Hanover confirmou à AFP que uma mulher de 57 anos apresentou uma queixa "porque seu rosto estava sujo de cocô de cachorro".
Os excrementos não foram coletados e, consequentemente, a polícia terá de se basear em depoimentos, explicou a policial. Uma investigação foi aberta.
INTIMIDAÇÃO
Esse "ato humilhante" é uma "tentativa de intimidar a observação livre e crítica das artes", julga o FAZ.
Por seu lado, a Ópera de Hanover declarou em seu site "lamentar profundamente" os atritos entre Goecke e a crítica do FAZ.
A Ópera, que "pediu desculpas à jornalista", indicou que "iria examinar as medidas trabalhistas a serem aplicadas contra Goecke e agir em conformidade".
"Lamentamos profundamente que o incidente tenha perturbado o nosso público", escreve a instituição.
O presidente da seção da Federação dos Jornalistas Alemães da Baixa Saxônia (região da qual Hanover é a capital), Frank Rieger, pediu uma reação mais forte da Ópera contra o diretor do balé.
"A declaração da Ópera de Hanover é insuficiente, porque a agressão contra a jornalista do FAZ é também um atentado contra a liberdade de imprensa", afirmou Rieger, citado pelo jornal.
Artista premiado, o alemão Marco Goecke passou a fazer coreografias em 2000, com "Loch". Autor de mais de 60 criações, Goecke trabalhou para companhias do mundo todo, como a Nederlands Dans Theater, New York City Ballet, Ópera de Paris e São Paulo Companhia de Dança.