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'Tchutchuca do centrão': Quem é Wilker Leão, o youtuber que irritou Bolsonaro

Advogado e ex-cabo do Exército, ele tem mais de 120 mil seguidores no TikTok

Wilker Leão durante confusão com o presidente Jair Bolsonaro - Reprodução

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São Paulo

O nome de Wilker Leão está na boca de boa parte dos brasileiros nesta quinta-feira (18), após ele se envolver em uma confusão com o presidente Jair Bolsonaro (PL) na saída do Palácio da Alvorada, em Brasília (DF). Mas quem é o jovem que usa as redes sociais para demonstrar sua insatisfação com o atual governo?

Morador da capital federal, Leão é advogado e, até recentemente, era cabo do Exército Brasileiro. Ele atuava desde 2015 como auxiliar da Assessoria Jurídica da Secretaria de Economia e Finanças da instituição.

Além disso, ele se define como criador de conteúdo digital. Mantém um blog pessoal chamado Milico Jurídico, onde fazia publicações sobre direito militar, além de um canal no Youtube, onde tem 18 mil inscritos, e perfis em redes como Instagram, onde tem 13 mil seguidores.

Sua rede social de maior alcance, no entanto, é o TikTok. Na plataforma de vídeos curtos, o jovem já soma mais de 120 mil seguidores. "100 mil seguidores alcançados no TikTok discutindo política e combatendo o fanatismo dos extremos", comemorou no começo do mês. "Sigo fazendo minha parte para contribuir com a melhora política do nosso país."

Em todas as plataformas, os temas que ele discute são semelhantes. "Meu propósito hoje é ajudar militares a conhecerem seus direitos, por meio de discussões acerca dos assuntos mais polêmicos e relevantes que circundam a caserna, gerando a necessária conscientização que acarretará evoluções institucionais", escreveu na descrição de um de seus canais.

Uma das séries que ele produz se chama "Questionando Bolsonaristas". Nela, o youtuber conversa com admiradores do presidente a respeito de questões relacionadas ao governo. Normalmente, ele gravava esses vídeos nas imediações do Palácio da Alvorada, onde a confusão de hoje ocorreu.

Leão se formou bacharel em direito no ano passado. Em maio deste ano, ele foi aprovado no exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). "Inicio agora a nobre missão da advocacia, buscando a justiça que almejamos em nossa sociedade, guiado pelos valores que cultivo desde a caserna e que hoje tenho a liberdade e, agora, as ferramentas adequadas para colocar em prática na jornada da mudança social pela qual anseio e para a qual eu posso contribuir fazendo a minha parte", relatou na ocasião.

"Talvez hoje a advocacia não ostente mais todo o prestígio que já teve um dia junto a muitos, mas é fato inegável que ela sempre foi e continua sendo indispensável à administração da justiça, como reconhece nossa Constituição e a própria realidade reverbera", avaliou. "Em tudo que estiver ao meu alcance, farei o que puder para contribuir com o melhor de mim nessa missão, como o faço e o tenho feito em todas que me são confiadas."

Apesar de ainda falar muito sobre temas ligados ao militarismo, ele não é mais militar da ativa. Desde fevereiro, ele está na reserva, após 8 anos na caserna. "Passar pelo sufoco de uma parada diária e pela sugação do serviço 24h, emendado no expediente, não é mole, mas o rigor de toda essa disciplina militar também nos ensina bastante e eu sou imensamente grato pela experiência e pelos aprendizados", disse ele quando se desligou.

No final do ano passado, Leão contou em seu blog que foi preso por "propagar conhecimento na internet acerca de algumas questões polêmicas no âmbito do Exército Brasileiro". Ele afirmou que sabia do risco elevado disso acontecer enquanto ainda estava na ativa.

"Pouco mais de 5 meses após o início de tudo e apenas alguns poucos artigos jurídicos e vídeos produzidos, falando sobre militarismo, o alto escalão do Exército tomou conhecimento do que eu vinha fazendo e me puniu por isso", revelou.

"É fato que, pelas previsões normativas da instituição, o que eu venho fazendo é considerado transgressão, tendo em vista que não se pode discutir ou provocar discussão acerca de assuntos de natureza militar, o que é um absurdo", avaliou. "Porém, moralmente, o que eu tenho feito, buscando melhorias para as praças da instituição que são absolutamente deixadas de lado em relação ao acesso a direitos muitas das vezes básicos, é algo absolutamente necessário e que merece o sacrifício de ser buscado."